Longe de Manaus
O Grupo de Leitores de Algés dedicou o mês de Outubro à discussão de Longe De Manaus, de Francisco José Viegas. Desde logo, um aviso aos mais incautos, feito pelo autor: “Um romance policial, como se sabe, tem as suas regras. Este não tem”. Razão pela qual talvez se possa classificar o título – e os elementos do grupo fizeram-no –, como um romance marcado por uma investigação policial, em que se entrecruzam inúmeras personagens, episódios e vivências, não só de Portugal como de Cabo Verde, Brasil, Angola e Guiné. O romance da solidão portuguesa, – proclama-se em complemento de título –, é assim um relato extraordinário de vidas que se tocam sem, à primeira vista, parecerem fazê-lo, e cujo resultado dessas afinidades é o deslindar da trama. Efectivamente, aquilo que por vezes parece uma simples constatação sem consequências vem a comprovar-se ser – muitas vezes com centenas de páginas de distância –, peça essencial para a compreensão do enredo por parte do leitor e, especialmente, por parte de Jaime Ramos, detective de provas dadas em outros romances do autor e que neste Longe de Manaus também marca presença.
Da discussão ressaltou o facto de Francisco José Viegas alterar a norma linguística em função do local onde se encontra, escrevendo como se fala em São Paulo, por exemplo. No entanto, e neste caso em particular, uma paulista dos quatro costados e parte do Grupo de Leitores desde a primeira hora detectou algumas imprecisões neste registo, nomeadamente o facto de o brasileiro do autor não ser compatível com o linguarejar paulista (pelo menos). Exemplos? “… um equipamento do São Paulo” em lugar de “…um uniforme do São Paulo” (referindo-se ao equipamento desportivo) ou “…passeio da praça” em lugar de “…calçada da praça”. Também o facto de o discurso ser alterado mesmo quando é o narrador a tomar da palavra, e não apenas os personagens, revelou-se um tanto ou quanto estranho. Mas nada que impedisse os leitores de se deliciarem com todas as histórias dentro desta grande história, nomeadamente a extraordinária forma como se descreve uma simples receita de …. arroz de bacalhau (em jeito de homenagem a Montalbán?).
Da discussão ressaltou o facto de Francisco José Viegas alterar a norma linguística em função do local onde se encontra, escrevendo como se fala em São Paulo, por exemplo. No entanto, e neste caso em particular, uma paulista dos quatro costados e parte do Grupo de Leitores desde a primeira hora detectou algumas imprecisões neste registo, nomeadamente o facto de o brasileiro do autor não ser compatível com o linguarejar paulista (pelo menos). Exemplos? “… um equipamento do São Paulo” em lugar de “…um uniforme do São Paulo” (referindo-se ao equipamento desportivo) ou “…passeio da praça” em lugar de “…calçada da praça”. Também o facto de o discurso ser alterado mesmo quando é o narrador a tomar da palavra, e não apenas os personagens, revelou-se um tanto ou quanto estranho. Mas nada que impedisse os leitores de se deliciarem com todas as histórias dentro desta grande história, nomeadamente a extraordinária forma como se descreve uma simples receita de …. arroz de bacalhau (em jeito de homenagem a Montalbán?).
A segunda sessão foi dedicada a Edgar Allan Poe, com cada um a trazer um dos seus contos e a partilhá-lo em voz alta: leu-se “O retrato oval”, “Eleonora”, “O barril de amontillado”, “O coração revelador”, “A máscara da morte vermelha” e “O corvo” (este último com uma belíssima tradução de Pessoa). Cada um dos textos serviu para mais uma sessão de partilha em torno da palavra escrita, que se tornou a repetir já em Novembro, com Khaled Hosseini e o seu Menino de Cabul.
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