quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Gente Independente

Autor: Halldór Laxness

Acho que é um belíssimo livro, lamentando que só agora tenha sido traduzido para português. Não é, certamente, o livro do século como se lê na capa da edição portuguesa, o que é sempre discutível, já que é uma obra que nos dá a conhecer um país e
um povo singular, abordado as diversas transformações sociais decorridas na Islândia do século XX . Isto seria interessante confrontar essa discussão, como a que os nossos escritores fizeram em relação a regiões semelhantes do nosso país.
Quanto a mim a tradução podia ser mais cuidada A tradutora é islandesa e vive em Portugal há muitos anos, mas o seu domínio (da língua) tem algumas falhas. O que é um “sorriso conservador”? Como figura no texto. Acho que em português deve fazer um adjectivo mais adequado.

Guilherme António Silva de Oliveira, 74 anos, Jurista Aposentado

ver este título no catálogo da biblioteca


entrada n.º 0075

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Valter Hugo Mãe vence Prémio José Saramago

"Já não esperava nada deste romance." Foi desta forma que Valter Hugo Mãe revelou ao DN a surpresa por vencer a 5.ª edição do Prémio Literário José Saramago atribuído pela Fundação Círculo de Leitores com o livro "O Remorso de Baltazar Serapião".

Ao vencer este prémio no valor de 25 mil euros, Valter Hugo Mãe sucede a nomes como José Luís Peixoto ou Gonçalo M. Tavares. "Estou habituado a ser um escritor de poucos leitores e este prémio pode levar o livro a um público mais vasto, apesar de eu não escolher um percurso fácil na escrita", acrescentou o autor de O Remorso de Baltazar Serapião.

Publicado em 2006 pela QuidNovi, o romance foi escolhido por unanimidade por um júri constituído pela editora do Círculo Guilhermina Gomes, pela escritora brasileira Nélida Piñon, por Pilar del Rio (mulher de José Saramago), pela escritora angolana Ana Paula Tavares e pelo escritor Vasco Graça Moura. Na cerimónia, José Saramago, o patrono do prémio, não poupou elogios a esta que é a segunda obra de ficção de Valter Hugo Mãe. "Este livro é um tsunami", declarou o Nobel de 1998. "Um tsunami linguístico, estilístico, semântico, sintáctico. Um tsunami no sentido do impacto, da força", declarou José Saramago estranhando a discrição com que o romance passou nas livrarias aquando da sua publicação. "É um livro que subverte", concluiu.

É o amor e a condição feminina na Idade Média ou resumindo, num meio miserável Baltasar casa com a mulher dos seus sonhos, Ermesinda, quer tomar conta da sua educação, mas tem de se submeter à vontade do senhor da terra. Ponto de partida para a recrição de um mundo que é também a reconstrução de toda uma linguagem, fazendo de Hugo Mãe uma voz única no panorama literário português. Como referiu o júri, "Valter Hugo Mãe apropria-se de um determinado momento da História dos Homens e descobre uma linguagem para o servir sem quebra de linha, sem avaliação de sentidos, uma linguagem mimética do tempo e das pessoas e das pessoas que a usam."

O Remorso de Baltazar Serapião teve vida breve em livraria. Este prémio irá recuperá-lo e revelar o autor ao grande público. "Estou sempre preparado para tudo o que vier de positivo", declarou Hugo Mãe.
Fonte: Diário de Notícias
Imagem: Página do autor

domingo, 28 de outubro de 2007

PORQUE DEUS EXISTE . . .

Porque Deus parece mesmo existir ... deu-se a possibilidade de Maria da Conceição Caleiro apresentar um texto sobre a poesia de MARIA DO ROSÁRIO PEDREIRA, especialmente mergulhando por sobre O Canto do Vento nos Ciprestes (Ed. Gótica) ás bibliotecas de oeiras:

MICROFÍSICA DO AMOR
Estes poemas repetem, cada um, a irreparável dor amorosa,
a irreparável espera femina por algo que não cessa de não chegar

“O Canto do Vento nos Ciprestes”, o segundo livro de poesia de Maria do Rosário, relança a delicadeza lírica do anterior, a pouco e pouco aqui desenganada - é que a partir de certa altura “os degraus só se podem descer”.
Habitualmente, na poesia lírica o sujeito que enuncia existe, ou constitui-se, enquanto sensitividade momentânea, epifania local de uma emoção contigente, de uma impressão que o próprio poema conclui. Habitualmente também, o tu emerge apenas no contexto de uma experiência lírica particular, dissipa-se no fim de cada poema, e, ao contrário do romance, não lhe costuma ser ficcionalizada uma substância, nem um enredo, nem sequer simulada a duração de personagem.
É claro que aqui se repete a tensão, que escapa à dialéctica, entre o singular e o universal e cada poema se situa no equilíbrio frágil entre a contingência e o que se exclui ao tempo, mas, para além disso, ou mais do que isso, neste livro, sob o mesmo “ethos” detecta-se estranhamente uma história (por isso deve ser lido de fio a pavio e não aleatoriamente como tantas vezes se faz com a poesia). A inscrição no tempo deste sujeito que enuncia liricamente um amor, a sequencialidade de um mesmo amor, transporta-nos para o universo da ficção, da simulação de identidades psicológicas mais ou menos estáveis deste eu e deste tu ,capazes de serem percebidos quase como personagens. Mas, ao mesmo tempo, uma poética intemporal do próprio amor se vai desenhando, insistindo sempre, tantas vezes em belíssimos versos no fim de cada poema (eles próprios, se isolados, poderiam constituir títulos de uma sequência narrativa).À medida que se lê este livro de Mª do Rosário Pedreira, dois versos de Ruy Belo ecoam, tornam-se quase seu emblema: “é triste no outono concluir/que era o verão a única estação”.
“O verão desarruma os sentimentos”. “Nesse Verão” (porque o discurso simula escrever-se a partir de um agora textual muito mais disfórico), o imaginário do amor e da natureza animizada que o suporta era ainda expansivo, solar, febril, inflamado e contagiante. Embora sobre ele pairassem “sempre brumas e nevoeiros/e profecias de temporais maiores”, “um temor que desmaia as pregas do vestido e um sortilégio/urdido nas paisagens suspensas de um mapa que aperto/na mão sem desdobrar.”Mesmo assim, “quando na tua boca cantou subitamente uma voz”, o dia emudeceu e “então, foi possível ouvir o vento soprar nas asas das borboletas”, “é no momento que encerra a beleza de um gesto/que se prolonga a vida”. O curso dos dias interrompe-se, o instante suspenso reencontra a eternidade, e “pode pintar-se o retrato do vento/no esquadro da janela.”. Nesse tempo, que se encena anterior, o amor não podia ainda ser dito, “nenhum poema/podia ser o chão da sua casa”, “há coisas assim,/que não se rendem à geometria deste mundo”. Só a partir da ausência (da dor?) se escreve. Nos poemas que a seguir se sucedem uma mesma impossibilidade amorosa se repete e adensa, uma mesma disforia se vai estendendo. Como se se tratasse de um fio constante que se expande e diversifica através de deslizes elementares, variações incessantemente contíguas (por isso talvez a metonímia seja uma das figuras emblemáticas da autora), desvios sintácticos de palavras num só verso que surpreendem a normatividade semântica. E nesse fio aparentemente contínuo e idêntico, em que se vai desenrolando e intensificando uma história, suspendem-se microscopicamente momentos mínimos de perfeição verbal (irresistivelmente:”tenho os olhos azuis de tanto os ter lançado ao mar”; “talvez procure ainda um gesto teu nos braços”).
“Neste outono”, tu começaste a partir e no meu corpo começaram a gelar os lugares de onde a tua mão se ausentou. Escreve-se a efemeridade do amor. A natureza vai-se animizando de um modo cada vez mais agreste ou recolhido.Repete-se todo um imaginário do eu, do amor e do mundo nocturno, frio, térreo, rasteiro, a desabar ou em rarefacção, do lado do peso e da queda: “as pedras agasalham-se no cobertor/do musgo”e o vento passou a viajar “rente aos muros”, e “se te pergunto o caminho(...)/Contas que a noite geme nas fendas/dos penhascos porque as cidades apodrecem junto/às margens; que o vento é um chicote que desaba/os chapéus; que a terra treme; que o nevoeiro cega; e/ que as casas onde o medo se extinguia na longa bainha do/vestido da mãe cederam ao peso das mádoas dentro delas” e ainda “que não há/mapas para os sonhos de quem morre de amor”. O eu produz cenários da sua própria morte e da morte do outro (“a morte separa-nos da dor e da sua memória”). Aliás, ao longo destes poemas o sujeito que enuncia torna-se sujeito do seu próprio luto. Multiplica figuras do desdobramento em que o eco, o sonho, apenas o teu nome (“como um músculo tenso/escondido sob a pele”) ou o espelho lhe devolvem a identidade, tal como uma voz que se continua depois da morte lhe restitui a eternidade.
Recorrente e renovadamente, a escrita fala de si e da existência que através de dela o destinatário textual destes versos guarda, porque “o poema é o único refúgio onde/ podemos repetir o lume dos antigos encontros” e a “tua sombra”, ou “o teu silêncio”, ou os teus despojos mantêm acesa uma ideia de amor assim (impossível não relembrar David Mourão-Ferreira - “Nas teias da ficção ficarás presa/e acordarás, mais tarde, na surpresa/de ser outra por toda a eternidade").

sábado, 27 de outubro de 2007

IV Encontro das Bibliotecas Escolares de Oeiras


Nos dias 22 e 23 de Outubro decorreu o IV Encontro das BE de Oeiras, subordinado ao tema Leituras no Percurso Escolar. Nele participaram docentes, coordenadores e equipas das bibliotecas escolares de Oeiras, bem como bibliotecários, educadores e técnicos ligados à área da leitura.

O encontro teve duas vertentes, uma mais teórica e outra assente nas práticas diárias de promoção da leitura nas bibliotecas escolares. Participaram como conferencistas Mónica Baró, Lucília Salgado, Lourdes Mata, Maria Helena Veiga, Carla Jorge, Ana Santos, Paula Fonseca, Magda Paraízo, Helena Araújo e Lúcia Branco. Em breve disponibilizaremos aqui as comunicações das intervenientes no encontro.


Foram dois dias em que se debateram questões como a função/prestígio social da leitura, a motivação da leitura, o envolvimento com a leitura e do envolvimento dos alunos nas actividades da biblioteca. Falou-se do papel do professor enquanto promotor do gosto pela leitura e como leitor de literatura pois, só quando se conhece as obras que se recomendam é que se deve aconselhar leituras aos alunos. Ficaram muitas ideias e sugestões.

O CINEMA NÃO FILMA LIVROS


A Comunidade de Leitores dinamizada por Maria da Conceição Caleiro deu de novo ar da sua muita graça e 'enjardinada' de lua cheia no dia 25 de Outubro na Fábrica do Braço de Prata - novo espaço com salas várias, actividades, espectáculos, performances e exposições, local onde se reunem as Livrarias Ler Devagar e (a) Eterno Retorno [R. Fernando Palha, n.º 26, junto ao Poço do Bispo, Lisboa; entrada pelo portão lateral]. A participação é livre e começa desde já! A Comunidade organiza-se em sete sessões ás segundas e terceiras quintas-feiras de cada mês, às 21 horas. Na primeira sessão mensal terá lugar a discussão sobre o livro, e na segunda é projectado o filme, havendo uma conversa com os participantes.
A selecção do programa está feita e o ambiente do primeiríssimo encontro tocou universos como... livros e mundos que não podemos deixar de ler antes de morrer...

O programa apresenta-se... 1.ª sessão) Lolita e Opiniões Fortes de V.Nabokov/ Lolita de Kubrick; 2.ª) India Song de Marguerite Duras; 3.ª) Sem Destino de Imre Kertesz/ Sem Destino de Lajos Koltai; 4.ª) Contos de Guimarães Rosa/ Contos de Guimarães Rosa de José Miguel Wisnik; 5.ª) Todas as Manhãs do Mundo de Pascal Quignard/ Todas as Manhãs do Mundo de Elia Kazan; 6.ª) O Delfim de José Cardoso Pires/ O Delfim de Fernando Lopes; 7.ª) A Costa dos Murmúrios de Lídia Jorge/ A Costa dos Murmúrios de Margarida Cardoso.

Nas palavras da dinamizadora... trata-se de pôr em comum experiências de livros e filmes, orientada mas viva. Vibrátil, isto é, imagens e palavras trazidas no coração (par coeur). Leitura partilhada, reflexão e debate sobre livros, filmes, inquietações neles despertadas, autores que marcam ainda a contemporaneidade. Apresentação de filmes cúmplices dessas mesmas obras, ou com elas tecidos. Cruzamento de campos. De maneiras de percepção. Filmes seleccionados tendo em conta a premência própria do seu modo particular de expressão - mais valia, ou assunção de uma diferença, face ao livro, ao seu ponto de partida reescrito.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Maria do Rosário Pedreira na casa dos livros

Depois de Nuno Júdice que marcou o regresso do Café com Letras no passado dia 26 de Setembro, na Biblioteca Municipal de Oeiras é a vez de partilhar o olhar e a voz poética de Maria do Rosário Pedreira. A sessão terá lugar no próximo dia 30 de Outubro, terça-feira, na Biblioteca Municipal de Algés.

Maria do Rosário Pedreira estreou-se no território literário em 1989 com o título "Águas das Pedras", sob o pseudónimo de Maria Helena Salgado. É, contudo, com o livro de poesia "A casa e o cheiro dos livros", em 1996, que se inicia a sua carreira literária. Esta obra, duplamente premiada, granjeou o elogio da crítica, tendo a sua 1ª edição esgotado rapidamente. Feito, deveras, assinalável que fazia já antever a afirmação de uma das escritas mais relevantes da geração de jovens autores da poesia portuguesa contemporânea.

Publicaria, ainda, vários títulos em prosa, romance e literatura infantil, antes do aparecimento do seu segundo livro de poesia "O canto do vento nos Ciprestes" a que se seguiria, mais tarde, "Nenhum nome depois".
A escritora estará à sua espera com o jornalista Carlos Vaz Marques, na Biblioteca Municipal de Algés, para mais um de muitos... Café com Letras.

Conversas na Aldeia Global com o Prof. Carlos Correia

As Conversas na Aldeia Global prosseguem no próximo sábado 27 de Outubro. Sob o tema "Top Mais das Tecnologias" o Prof. Carlos Correia, coordenador do C.I.T.I. – Centro de Investigação para Tecnologias Interactivas, virá dar-nos a sua opinião quanto aos níveis de dependência tecnológica registados na sociedade actual.
As novas formas de interdependência que as tecnologias envolvem, vieram transformar o modo como comunicamos e tendem a recriar o mundo à imagem de uma "aldeia global" composta por redes altamente complexas de meios de comunicação inovadores. Desta interacção tende a surgir um novo modelo sócio-técnico, bem como um conjunto de tecnologias identificadas como "viciantes".
A este propósito, sugerimos que contribua para a recolha de opiniões na nossa sondagem, e eleja três das ferramentas que encara como mais imprescindíveis no seu dia-a-dia, e ainda, que venha assistir no sábado a mais esta sessão de conversas. Contamos consigo!

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Feira Esotérica e Bio Alternativa de Oeiras

Cartomancia, quiromancia, astrologia, reiki, medicina não convencional, livreiros, armazenistas de produtos esotéricos e médiuns reúnem-se na Feira Esotérica e Bio Alternativa de Oeiras, de 26 de Outubro a 4 de Novembro no Pavilhão Ex-Refrige, na Fundição de Oeiras.

À disposição do público estão cerca de 40 expositores de consultas e vendas. Livros, tarot, reiki, búzios, numerologia, artesanato e pintura esotérica são alguns dos produtos que poderão ser adquiridos.

O evento inclui, ainda, palestras de Ovionologia, de Reiki, de Saúde e Bem-Estar, de Numerologia, de Culto dos Orixás, de Yoga, de Magia Celta, de Biologia da Saúde, de Tarot, de Electrobiografia e de Cristaloterapia.

No dia 31 de Outubro (Noite das Bruxas) tem lugar um espectáculo lúdico, bem como a "Queimada das Bruxas à moda Galega".

No recinto, além de uma cafetaria, está disponível para as crianças um parque temático, com monitores, no qual os pais os podem deixar enquanto visitam a Feira (este serviço é gratuito).

A organização desta 3ª edição da Feira Esotérica e Bio Alternativa de Oeiras é de Sô Filipe de Obaluaiê e de Isa de Yansân, com o apoio da Câmara Municipal de Oeiras e da Junta de Freguesia São Julião da Barra de Oeiras.

Horário:
2ª a 6ª Feira – Das 17H00 às 24H00
Sábado/ Domingo e Feriados – Das 14H00 às 24H00

Entrada:
Dias úteis – 3€
Fim-de-semana/ Feriados – 5€

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Pão com manteiga

Autor: Bernardo Brito Cunha et. al.


Em 1987 havia na Rádio Comercial um programa chamado "Pão com Manteiga", cujos textos que aí eram lidos, foram escritos por Bernardo Brito Cunha, Orlando Neves, Eduarda Ferreira, José Duarte e Mário Zambujal. Passados 20 anos e com muita saudade, deixo aqui a referência a este programa, que enchia os ouvintes com grandes momentos de humor, ironia e sarcasmo. São com toda a certeza de um programa que marcou o humor radiofónico no nosso país.

Carlos Soure, 41 anos, Bancário

entrada n.º 0074

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Escolhas de... Maria do Rosário Pedreira

Escritora convidada do Café com Letras

Biblioteca Municipal de Algés - 30 de Outubro

Autor: Homero
Título: A Íliada







Autor: Álvaro de Campos
Título: Poesias





Autor: Mária Vargas Llosa
Título: A Tia Júlia e o Escrevedor




Autor: Marguerite Duras
Título: O Amante








Autor: Teolinda Gersão
Título: O Silêncio









Autor: Gabriel Garcia Marquez
Título: Crónica de uma morte anunciada







Autor: Jonathan Safran Foer
Título: Está tudo iluminado









Autor: José Luís Peixoto
Título: Nenhum Olhar





sexta-feira, 19 de outubro de 2007

O Pianista

Autor: Wladyslaw Szpilman


Gostei, pela forma singela com que nos transmite a epopeia dramática do autor;
Sem atingir a crueza de outras obras do mesmo tema, «se isto é um homem» (Primo Levi) ou «25ª Hora» (Virgil Georgin), é mais um grito de despertar, uma acha para a fogueira anti-nazi, que cada vez parece mais necessária e urgente manter, atendendo à inconsciência e barbárie, que de vez em quando nos querem voltar a assombrar (especialmente aos incautos) como é o exemplo a recente profanação de túmulos judaicos em Lisboa...
Francisco Adolfo Gomes, 73 anos, Reformado (EDP)


Apreciei muito a maneira como o livro está narrado: com precisão; clareza; brandura; e principalmente isento de sentimento de revolta, ódio e até de vingança, que seria de esperar quando sofridos na pele e presenciados tais acontecimentos tão desumanos, brutais, degradantes. Só uma pessoa estruturalmente bem formada, com princípios religiosos e culturais muito elevados poderia transmitir dessa maneira os acontecimentos tão inesquecíveis e sorríveis que emagreceram a história universal.

Maria José Antunes de Almeida Gomes, Aposentada
entrada n.º 0073

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Festival de Banda Desenhada na Amadora

Amadora volta a acolher, o que de melhor se faz na 9ª Arte.

Comemorando a sua 18ª edição, abre amanhã: dia 19 de Outubro e prolonga-se até 4 de Novembro, o Festival de Banda Desenhada da Amadora.

O Fórum Luís de Camões, na Freguesia da Brandoa, volta a ser o local de instalação do núcleo central. O núcleo central terá, igualmente, espaços dedicados aos mais novos com atelier para desenhos e pinturas e exposição. Além deste espaço, o FIBDA descentraliza exposições por outros locais: Centro Nacional de BD e Imagem, Casa Roque Gameiro, Recreios da Amadora e Galeria Municipal Artur Bual.

Exposições, autógrafos, área comercial e cinema de animação, entre outras áreas, fazem do FIBDA a maior Festa da Banda Desenhada em território nacional.
. . .
Para conhecer os álbuns nomeados nas diferentes categorias, seleccione:
Melhor Álbum Português,
Melhor Argumento para Álbum Português,
Melhor Álbum de Autor Português em Língua Estrangeira,
Melhor Álbum de Autor Estrangeiro,
Melhor Álbum de Tiras Humorísticas,
Melhor Livro de Ilustração Infantil,
Melhor Fanzine Clássicos da Nona Arte.

Para mais informações, consultar o sítio do Centro Nacional de Banda Desenhada e da Imagem.

E se a Internet Acabasse...?


As "Conversas na Aldeia Global" iniciaram no passado sábado o seu primeiro ciclo dedicado à importância da Internet no quotidiano e à forma como esta ferramenta tecnológica tem vindo a modificar o modo como comunicamos. Se não teve oportunidade de estar presente na sessão com o Prof. Carlos Zorrinho sugerimos-lhe a audição do registo integral já disponível no repositório de Podcasts da Biblioteca Municipal de Oeiras.
A sessão teve início com um breve enquadramento em redor da evolução da Internet. Em jeito de introdução, Vasco Matos Trigo refere-se a algumas das actividades desenvolvidas com base na web, dando exemplos dos primeiros serviços on-line e dos vários recursos de informação acessíveis em ambientes digitais. A intercalar esta introdução foram exibidos os testemunhos recolhidos junto dos leitores das Bibliotecas Municipais de Oeiras sobre questões como "A Internet faz parte da sua vida?" "O que entende por Web 2.0?" e do tema central da conversa "E se a Internet acabasse…?". Neste contexto, foram dados a conhecer os resultados da sondagem efectuada no Blog Oeiras a Ler sobre o mesmo assunto.
O convidado Carlos Zorrinho começou por realçar a importância de manter estas tertúlias presenciais, mesmo que dedicadas aos temas mais virtuais que possam existir. Na sua opinião, a possibilidade de conversar olhos nos olhos torna-se, sem dúvida, mais memorável e marcante comparativamente a qualquer outra forma de comunicação em rede. Assumiu-se como um "utilizador não sofisticado" da Internet, e à pergunta "E se amanhã a Internet acabasse...?", associou uma outra questão que contrapõe àquela da seguinte forma: "Será que ainda há Internet...?". Acha que podem persistir dois tipos de resposta, uma que negue a sua existência, invocando sim a mudança para algo diferente e muito mais evoluído tecnologicamente. Ou, por outro lado, outra que, reconhecendo a Internet como veículo transformador da sociedade, a classifica já como uma peça de museu. Foi esse o conceito que a sua geração viu nascer com tanto entusiasmo, o da Internet que iria mudar o mundo e criar uma sociedade mais equitativa, na qual todos teriam acesso à informação, uma maior intervenção e a partir da qual a identidade sairia reforçada. Não obstante todo o deslumbramento tecnológico da altura, a verdade é que, a sociedade não veio a registar mudanças significativas.
A acrescentar a esta abordagem, e com o propósito de agitar e provocar, afirma ainda que "a Internet não é nem a revolução, nem o ópio do povo". Considera que só há um instrumento revolucionário e que esse é, precisamente, "a educação, a nossa cabeça e a capacidade de interpretar significados" e, desse modo, questiona se seremos nós capazes de colocar a Internet ao serviço disso mesmo. Ou seja, ao serviço da educação das pessoas, da sua valorização e aquisição contínua de conhecimentos. Se formos, então a Internet pode ser, a este nível, um instrumento fundamental. Não sendo ela própria revolucionária, mas sim, um meio fundamental à revolução que se impõe e à tão desejada construção da sociedade da informação e do conhecimento.
A etapa final do debate caracterizou-se pela envolvência do público presente num espaço de discussão e imprescindível ao balanço positivo desta enriquecedora tertúlia.
A próxima sessão realizar-se-á no sábado 27 de Outubro, com a participação de Carlos Correia (Universidade Nova de Lisboa/CITI) para mais uma conversa sobre a cultura tecnológica - Top Mais das Tecnologias. Contamos consigo!

Sondagem de Setembro e Outubro

Entre 22 de Setembro e 13 de Outubro, efectuamos uma sondagem relacionada com a questão nuclear da sessão inaugural das "Conversas na Aldeia Global": E se a Internet Acabasse...?


A maioria das respostas recaiu na opção Seria um retrocesso no tempo, com 37% das votações. Ex aequo, como segunda e terceira opção mais escolhida, situam-se as afirmações Isso nunca poderá acontecer e também Exigiria adaptação a um novo mundo mais restrito, contemplando cerca de 21% dos inquiridos. Seria uma tragédia reuniu 19% de votações, sendo de realçar ainda o valor nulo quanto à consequência Não teria implicações significativas no dia-a-dia. A propósito da recolha de opiniões junto dos leitores das Bibliotecas Municipais de Oeiras, convidamo-lo a ver mais um pequeno excerto das entrevistas realizadas na Biblioteca.

"Agora falamos nós!"

José Pedro Reis (Xutos & Pontapés), Luís Filipe Borges (Pastéis de Nata) e Fernando Alvim são três dos moderadores dos painéis do encontro de jovens “Agora falamos nós”, que terá lugar no dia 19 de Outubro, a partir das 9H00, no Auditório Municipal Eunice Muñoz, em Oeiras.
Neste encontro são os jovens que têm a palavra sobre aquilo que os preocupa, as suas experiências e os seus projectos de vida.
“As cenas que nos preocupam…”, “Histórias da minha vida” e “As cenas em que apostei…” são os temas propostos para as conversas, que prometem aquecer a plateia com mais de uma centena e meia de jovens que já confirmou presença.
No entanto, ainda há lugares e os interessados poderão inscrever-se no Departamento de Pedopsiquiatria do Hospital S. Francisco Xavier, parceiro da Câmara Municipal de Oeiras no evento.
Os contactos: Tel.: 210 431 558 – E-mail: pedopsiq@hsfxavier.min-saude.pt .

Este encontro encerra ao som dos Cool Hipnoise.

O programa do encontro pode ser consultado aqui.
Fonte: Site CMO

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Jerusalém de Gonçalo M. Tavares vence Prémio PT de Literatura

O escritor Gonçalo M. Tavares conquistou ontem à noite, no Brasil, o Prémio Portugal Telecom de Literatura em Língua Portuguesa 2007, com o livro Jerusalém, editado em 2004, em Portugal pela Editorial Caminho mas lançado o ano passado no Brasil.
O prémio com cinco anos é patrocinado pela principal empresa de telecomunicações de Portugal e é a primeira vez que inclui autores de fora do Brasil, sendo condição que tivessem sido editados naquele país. O romance Jerusalém já havia sido premiado em 2004 e 2005 em Portugal.
O valor do prémio atribuído a Gonçalo M. Tavares, anunciado ontem em São Paulo, é de 100 mil reais (37 500 euros). O segundo prémio foi para o escritor brasileiro Dalton Trevisan com Macho não Ganha Flor, a quem foi atribuído o valor de 35 mil (13 100 euros). O também brasileiro Teixeira Coelho, com História Natural da Ditadura foi o vencedor do terceiro prémio, de 15 mil reais (5 550 euros).A acompanhar o escritor em São Paulo esteve Zeferino Coelho, da Editorial Caminho.
Fonte: Ed. Caminho

Man Booker Prize 2007 para irlandesa Anne Enright

O prémio foi atribuído a Anne Enright, em prejuízo das obras dos dois favoritos para esta edição do Booker Prize, o inglês Ian McEwan e o neo-zelandês Lloyd Jones.

O nome da vencedora foi dado a conhecer em directo na BBC, durante uma cerimónia que se realizou na capital britânica e que reuniu os seis escritores finalistas.

De acordo com a descrição dada pela organização do prémio na sua página electrónica, "The Gathering" é um épico familiar que se estende por três gerações e que conta "como o nosso destino está escrito no corpo, e não nas estrelas".

"Anne Enright escreveu um poderoso, desconfortável e, às vezes, livro zangado", comentou hoje Howard Davies, o presidente do júri responsável pela escolha. "Pensamos que ela é uma romacista impressionante e esperamos ouvir falar mais dela", acrescentou. "O livro é poderoso, puxa-nos e tem um final absolutamente brilhante. Tem uma das melhores últimas frases de todos os romances que eu li",concluiu.

Nascida a 11 de Outubro de 1962, em Dublim, onde continua a residir e trabalhar, Anne Enright estudou com os dois escritores Malcolm Bradbury e Angela Carter, tendo inicialmente seguido uma carreira como produtora e realizadora de televisão.

A primeira colectânea de contos, "The Portable Virgin", foi distinguida com o Rooney Prize mas foi com o romance "What Are You Like" que alcançou maior destaque, ao ser escolhida para finalista do Whitbread Novel Award e vencer o Encore Award, em 2000.

O Booker Prize distingue a melhor obra de ficção editada em 2006 por um autor do Reino Unido, da República da Irlanda e dos países da Comunidade Britânica (Commonwealth) com um montante de 50 mil libras [71,7 mil euros]. Além do prémio monetário, a distinção desencadeia anualmente uma explosão nas vendas, aumentando os ganhos do autor e respectiva editora.

"Nem me lembrei do dinheiro mas agora estou mais satisfeita por ter comprado este vestido", confessou Anne Enright à televisão pública britânica.

O júri deste ano foi presidido por Howard Davies, director da universidade London School of Economics, e composto pela poetisa Wendy Cope, o jornalista Giles Foden, a crítica literária Ruth Scurr e a actriz Imogen Stubbs.

Os outros finalistas eram Nicola Barker ("Darkmans"), Mohsin Hamid ("O Fundamentalista Relutante", editado pela Civilização), Lloyd Jones ("Mr Pip", editado pela Estampa), Ian McEwan ("Na Praia de Chesil", editado pela Gradiva) e Indra Sinha ("Animal`s People").

Actualmente intitulado The Man Booker Prize, o galardão foi criado em 1969 e já distinguiu autores como J.M. Coetzee (1993 e 1999), Kingsley Amis (1986), Iris Murdoch (1978) ou V.S. Naipaul (1971).
Fonte: RTP
Imagem: AFP

terça-feira, 16 de outubro de 2007

In Vino Veritas

Autor: Soren Kierkegaard


Há já bastante tempo que queria conhecer melhor as suas ideias.
E foi assim que o mundo e universo literário mo trouxe e muito proveitosamente! A meu ver, fala aprofundadamente da “recordação”, da “memória”, da “lembrança” e das coisas, como das situaçãoes da vida (quotidiana) com uma enorme capacidade de argumentação, de relacionação e de reflexão, bem como expondo sempre muito da sua prática de vida.

Joana Santos, 33 anos, Educadora


entrada n.º 0072

sábado, 13 de outubro de 2007

Conversas na Aldeia Global, com o Prof. Carlos Zorrinho

As Conversas na Aldeia Global procuram acompanhar o desenvolvimento das TIC e, em particular, as inovações proporcionadas pela Internet. Com este propósito, pretende-se interligar as tecnologias sociais à convivência comunitária e a dinâmicas colaborativas que priveligiem a interacção com os nossos leitores.
É neste contexto que, a antecipar as conversas na Aldeia Global, realizaremos séries de entrevistas aos visitantes das Bibliotecas Municipais de Oeiras, com o intuito de recolher opiniões que servirão de mote ao debate e reflexão em cada uma das sessões.
A propósito do tema "E se a Internet Acabasse...?, a desenvolver na conversa com o convidado Prof. Carlos Zorrinho (Coordenador da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico), resultaram sugestivos testemunhos que serão apresentados durante a tarde de conversa. Em antecipação, pode ver um breve excerto destas entrevistas.


Contamos consigo na Conversa na Aldeia Global com o Prof. Carlos Zorrinho, pelas 16H00 - Sábado 13 (OUT) - no Auditório da Biblioteca Municipal de Oeiras.
Produção vídeo: CMO/GC/Audiovisuais

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Prémio Nobel da Literatura - 2007

A escritora britânica Doris Lessing foi galardoada com o Prémio Nobel da Literatura 2007.
Nascida na Pérsia (actual Irão) em 1919 mudou-se mais tarde com a família para a Rodésia do Sul (actual Zimbabwe). Vive na Grã-Bretanha desde 1949. Os temas dos seus livros são bastante diversos: do exame das tensões inter-raciais, a política racical, a violência contra as crianças, os movimentos feministas e a exploração do espaço exterior. Em Canopus em Argos: Arquivos, Doris Lessing conduz o leitor ao mundo dos Impérios de Canopus e Sírius. Num universo que aborda a colonização de planetas em esferas muito além do mundo físico das naves espaciais. Por isso, a literatura de Doris Lessing tem sido denominada de Ficção Espacial. Doris Lessing publicou também, poesias e contos e romances de não-ficção.
Criou o que chama "um mundo novo para mim mesma" auto-consistente e com possibilidades infinitas, "um reino onde os mitos e lendas dos planetas, deixaram de ser apenas manifestações de indivíduos sozinhos, onde sobrevêm os aspectos das rivalidades e das interações do Império de Canopus com os outros impérios galácticos, Sirius, e o seu inimigo, o império Puttoria com o seu planeta crimoso, Shammat".
A série Canopus em Argos: Arquivos é composta por cinco títulos: Shikasta - (Shikasta) - O primeiro livro da série, aborda o planeta Terra, a própria Shikasta, sob o domínio do império Canopiano, a história é narrada do ponto de vista de um dos enviados pelos administradores de Canopus. Johor, o qual narra todo o desenvolvimento do planeta desde eras esquecidas, até aos nossos dias e além, concluindo com um inesperado destino para humanidade.

O Nobel de Literatura concede 10 milhões de coroas suecas (US$ 1,5 milhão) e será entregue junto com aos outros prémios a 10 de Dezembro, aniversário da morte de seu fundador, Alfred Nobel.
Fonte: Wikipédia

Ver títulos desta autora no catálogo da biblioteca.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Camus e Saramago

Decorreu, ontem, a segunda sessão do Grupo de Leitores de Carnaxide. Após A Peste abordaram-se outros títulos de Albert Camus, nomeadamente O Mito de Sísifo e O Estrangeiro, sendo que neste último se discutiu com particular interesse o julgamento de Meursault em que a acusação destaca o facto de o réu não demonstrar qualquer emoção no funeral da mãe – em detrimento do assassinato de um árabe, razão pela qual estava efectivamente a ser julgado. Um estrangeiro na verdadeira acepção da palavra mas também um "estrangeiro social”, que se recusa aos comportamentos padrão e, por essa razão, é condenado - relegando-se o facto de ter morto um ser humano. O absurdo, algo permanente na obra do autor.

Bastante interessantes foram também as semelhanças encontradas entre A Peste e o Ensaio sobre a Cegueira, de Saramago. Destaca-se a presença da água, no romance português, com a chuva que cai sobre Lisboa e que representa um acto de purificação e, em Camus, o banho de mar de Rieux e Tarrou, já com a epidemia em curva descendente. Outro elemento presente nas duas obras é o fogo, ateado para a fuga do hospício, em Saramago, e relembrado n’A Peste, a propósito de epidemias passadas. Também duas personagens, apesar de continuamente expostas, se livram da enfermidade ao longo de todo o enredo: o narrador, em Camus, e a mulher do médico, em Saramago. Os dois romances acabam por nos demonstrar as consequências sociais de uma catástrofe - seja de ordem natural ou por intervenção humana -, e as diferentes reacções dos seus intervenientes.

Para o próximo mês há mais Nobel: Pearl Buck e A Mãe.

P.S. – Não nos foi possível ver a peste, tal como se suponha no último post. Mas - e infelizmente - qualquer um o pode fazer: consultem a Survivors of the Shoah Visual History Foundation e assistam aos testemunhos de quem, na primeira pessoa, sofreu a maior epidemia do século XX.


Foto de Saramago aqui
Foto de Camus aqui

O pianista

Autor: Wladyslaw Szpilman


Apreciei muito a maneira como o livro está narrado: com precisão; clareza; brandura; e principalmente isento de sentimento de revolta, ódio e até de vingança, que seria de esperar quando sofridos na pele e presenciados tais acontecimentos tão desumanos, brutais, degradantes.
Só uma pessoa estruturalmente bem formada, com princípios religiosos e culturais muito elevados poderia transmitir dessa maneira os acontecimentos tão inesquecíveis e sorríveis que emagreceram a história universal.

Maria José Antunes de almeida Gomes, Aposentada
entrada n.º 0071