quarta-feira, 19 de novembro de 2008

50 ANOS DE VIDA LITERÁRIA «VIVA»

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hOJe é o Dia do Aniversário da Literatura de António Ramos Rosa e de Casimiro de Brito, escritores que nos últimos cinquenta anos tanto deram e continuam a dar ao Mundo em Poesia, em Prosa Poética, e em textos - que nos permitem ver mais perto, mais dentro de nós... que nos fazem ser tanta realidade como ainda imaginar podemos, o sonho longe sem categoria, a sensação para além de um sentir de antes.









Ainda entre nós, por tal - Vivas e bem Aqui, onde quisermos - as palavras e as pessoas dos escritores homenagiados, em vários pontos do nosso País, como sejam actividades dinamizadas pela Biblioteca António Ramos Rosa, e não só.

Algumas palavras a agigantar ou simplesmente a presenciar palavras, existências:

«Peço a Paz
Peço a paz
e o silêncio

A paz dos frutos
e a música
de suas sementes
abertas ao vento

Peço a paz
e meus pulsos traçam na chuva
um rosto e um pão

Peço a paz
silenciosamente
a paz a madrugada em cada ovo aberto
aos passos leves da morte

A paz peço
a paz apenas
o repouso da luta no barro das mãos
uma língua sensível ao sabor do vinho
a paz clara
a paz quotidiana
dos actos que nos cobrem
de lama e sol

Peço a paz
e o silêncio»
{In Jardins de Guerra, de Casimiro de Brito}

«Estou vivo e Escrevo Sol (a Ruy Belo)
Escrevo versos ao meio-dia
e a morte ao sol é uma cabeleira
que passa em fios frescos sobre a minha cara de vivo
Estou vivo e escrevo sol

Se as minhas lágrimas e os meus dentes cantam
no vazio fresco
é porque aboli todas as mentiras
e não sou mais que este momento puro
a coincidência perfeita
no acto de escrever e sol

A vertigem única da verdade em riste
a nulidade de todas as próximas paragens
navego para o cimo
tombo na claridade simples
e os objectos atiram suas faces
e na minha língua o sol trepida

Melhor que beber vinho é mais claro
ser no olhar o próprio olhar
a maraviha é este espaço aberto
a rua
um grito
a grande toalha do silêncio verde.»
{In A Palavra e o Lugar de António R. Rosa}

«(3.) O cântaro iluminado
O Zen é um vaso
Vazio
Onde se reúnem

Todos os caminhos
Um ritmo um vântaro
Iluminado

Que ilumina
O nada puro
De todas as coisas.»
{In «Investigação di Slêncio em Forma de Koans»,
Duas Águas, Um Rio,
de António R. Rosa e Casimiro de Brito}

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