Contagem decrescente para a BiblioFesta'07
O filho que não fiz
hoje seria homem.
Ele corre na brisa,
sem carne, sem nome.
Às vezes o encontro
num encontro de núvem.
Apoia em meu ombro
seu ombro nenhum.
Interrogo meu filho,
objecto de ar:
em que gruta ou concha
quedas abstracto?
Lá onde eu jazia,
responde-me o hálito,
não me percebeste,
contudo chamava-te
como ainda te chamo
(além, além do amor)
onde nada, tudo
aspira a criar-se.
O filho que não fiz
faz-se por si mesmo.
Carlos Drummond de Andrade "Ser" (Claro Enigma, 1951)
hoje seria homem.
Ele corre na brisa,
sem carne, sem nome.
Às vezes o encontro
num encontro de núvem.
Apoia em meu ombro
seu ombro nenhum.
Interrogo meu filho,
objecto de ar:
em que gruta ou concha
quedas abstracto?
Lá onde eu jazia,
responde-me o hálito,
não me percebeste,
contudo chamava-te
como ainda te chamo
(além, além do amor)
onde nada, tudo
aspira a criar-se.
O filho que não fiz
faz-se por si mesmo.
Carlos Drummond de Andrade "Ser" (Claro Enigma, 1951)
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