Claro, Escuro
O Grupo de Leitores foi ontem ao cinema, para ver O Leitor (título já lido e discutido em Março de 2008).
Encontro devidamente faseado e planeado, uns em Algés, para distribuírem boleias, outros em Lisboa, esperem que lá vou ter, a que horas, às sete e meia, oito, que ainda dá tempo para se comer qualquer coisa, Ah, está bem. Partida de Algés às 19.20 e uns contornos aos automóveis que teimam sempre, ao pôr-do-sol, em fazer fila para o ver cair, se bem que não se entenda muito bem esta mania de o ver tombar de costas, como o fazem os que em Lisboa entram pela língua suspensa e logo se enfiam na boca da terra, que isto de andar às voltinhas a ser olhado de soslaio pelo Sebastião é coisa para amedrontar.
Da via do fontismo (impressionante a coincidência, após calcorreio de obras tão magnânimes, afinal há fontes em todas as eras, e não se quer com isto dizer que sempre houve quem água metesse) se vai a Saldanha, não de Mogadouro, mas a praça do duque de e, fazendo jus ao título nobiliárquico, assentam-se arraiais Monumentais, tudo em grande, portanto, que assim há consonância, a bota com a perdigota, Não se estranhe, aliás, após este contacto alcatroado com obras de ministros engenheiros, marqueses acrescentados a condes e secretários do Reino (este conhecemo-lo bem), regeneradores empreendedores e marechais que também foram condes, marqueses e duques, all-in-one, antecipando estratégias comerciais de agora, em outrora.
Repasto em área respectiva, fornecida com os mais variados manjares, despensa do mundo, de cozinha per tutti e suas pastas que, cerrando-se os olhos se pensa em Mediterrâneo e italianas (os) de boas formas, ao hambúrguer modelo internacional e nacional, que também já o há e é bem bom, não há chicha como a nossa, e estas batatas tipo pala-pala, caseirinhas, mais a limonada biológica, portanto, logicamente bio, mas isto é mesmo de limão – que o mesmo, agora, só o é se acompanhado da designação técnica, que limão palavra solitária é coisa para desconfiar, e até se analisa a contraluz procurando grainhas e polpa –, um ou outro kebab em representação do Médio Oriente e, não tendo sido detectado, com certeza lá haveria restauração de sinoparlantes. Das iguarias não mais se fala que nem o redactor é o Quitério nem esta é folha de Única procurando, no entanto e sempre, sê-la, que é bom ser portador de novidades exclusivas.
Bolo alimentar deglutido, porquê bolo, não se entendem estas designações, nem bolo foi, nem doce era, Ah, espera, não será o de azeite, Transmontano ou Beirão, e suas carnes de toucinho a reverem por entre a massa fofa e amarelada, Não, o bolo, aquela coisa de carne enrolada que apanha o 28 e faz traqueia-esófago-estomago enquanto o diabo esfrega um olho e a barriga dá uma volta.
Compra de bilhetes, sessão de vinte para as dez, eu cá digo dez menos vinte e cruzeta e à minha beira e guarda-chuva e estrugido, uns pagam menos, beneplácitos académicos, outros mais, queres dinheiro, trabalha!
Aguarda-se pelo café e espera-se pela película, olha aquele parece mesmo o Alfredo, só lhe faltam as bobines debaixo do braço e o Totó de calções, esta coisa da sétima arte é mesmo bonita, sétima porquê, foi benzedura de Ricciotto Canudo, que agora também já só o vê por um, e dos telescópico-submarinos, que já há 86 anos que entregou a alma ao criador e as carnes para adubo.
De repente, escuro, a luz pisca e pisca já era, falha, nunca tal se houvera visto, Logo a mim, deslumbrado com a visão alva e leitosa de Saramago e ficamos todos ceguinhos de um momento para o outro, mão no ombro e fila indiana.
Reembolso, beijinho, abraço e ala que se faz tarde, que amanhã é dia de pica-o-boi e a vida, com ou sem leitor, O Leitor ou sessão do Grupo de, continua.
Encontro devidamente faseado e planeado, uns em Algés, para distribuírem boleias, outros em Lisboa, esperem que lá vou ter, a que horas, às sete e meia, oito, que ainda dá tempo para se comer qualquer coisa, Ah, está bem. Partida de Algés às 19.20 e uns contornos aos automóveis que teimam sempre, ao pôr-do-sol, em fazer fila para o ver cair, se bem que não se entenda muito bem esta mania de o ver tombar de costas, como o fazem os que em Lisboa entram pela língua suspensa e logo se enfiam na boca da terra, que isto de andar às voltinhas a ser olhado de soslaio pelo Sebastião é coisa para amedrontar.
Da via do fontismo (impressionante a coincidência, após calcorreio de obras tão magnânimes, afinal há fontes em todas as eras, e não se quer com isto dizer que sempre houve quem água metesse) se vai a Saldanha, não de Mogadouro, mas a praça do duque de e, fazendo jus ao título nobiliárquico, assentam-se arraiais Monumentais, tudo em grande, portanto, que assim há consonância, a bota com a perdigota, Não se estranhe, aliás, após este contacto alcatroado com obras de ministros engenheiros, marqueses acrescentados a condes e secretários do Reino (este conhecemo-lo bem), regeneradores empreendedores e marechais que também foram condes, marqueses e duques, all-in-one, antecipando estratégias comerciais de agora, em outrora.
Repasto em área respectiva, fornecida com os mais variados manjares, despensa do mundo, de cozinha per tutti e suas pastas que, cerrando-se os olhos se pensa em Mediterrâneo e italianas (os) de boas formas, ao hambúrguer modelo internacional e nacional, que também já o há e é bem bom, não há chicha como a nossa, e estas batatas tipo pala-pala, caseirinhas, mais a limonada biológica, portanto, logicamente bio, mas isto é mesmo de limão – que o mesmo, agora, só o é se acompanhado da designação técnica, que limão palavra solitária é coisa para desconfiar, e até se analisa a contraluz procurando grainhas e polpa –, um ou outro kebab em representação do Médio Oriente e, não tendo sido detectado, com certeza lá haveria restauração de sinoparlantes. Das iguarias não mais se fala que nem o redactor é o Quitério nem esta é folha de Única procurando, no entanto e sempre, sê-la, que é bom ser portador de novidades exclusivas.
Bolo alimentar deglutido, porquê bolo, não se entendem estas designações, nem bolo foi, nem doce era, Ah, espera, não será o de azeite, Transmontano ou Beirão, e suas carnes de toucinho a reverem por entre a massa fofa e amarelada, Não, o bolo, aquela coisa de carne enrolada que apanha o 28 e faz traqueia-esófago-estomago enquanto o diabo esfrega um olho e a barriga dá uma volta.
Compra de bilhetes, sessão de vinte para as dez, eu cá digo dez menos vinte e cruzeta e à minha beira e guarda-chuva e estrugido, uns pagam menos, beneplácitos académicos, outros mais, queres dinheiro, trabalha!
Aguarda-se pelo café e espera-se pela película, olha aquele parece mesmo o Alfredo, só lhe faltam as bobines debaixo do braço e o Totó de calções, esta coisa da sétima arte é mesmo bonita, sétima porquê, foi benzedura de Ricciotto Canudo, que agora também já só o vê por um, e dos telescópico-submarinos, que já há 86 anos que entregou a alma ao criador e as carnes para adubo.
De repente, escuro, a luz pisca e pisca já era, falha, nunca tal se houvera visto, Logo a mim, deslumbrado com a visão alva e leitosa de Saramago e ficamos todos ceguinhos de um momento para o outro, mão no ombro e fila indiana.
Reembolso, beijinho, abraço e ala que se faz tarde, que amanhã é dia de pica-o-boi e a vida, com ou sem leitor, O Leitor ou sessão do Grupo de, continua.
P.S. – apetecia-me tanto continuar a escrever nesta folha mas as luzes piscam, em intermitência, sai uma e entra outra, acompanhando as demais, brilhantes, Obrigado por tudo e até logo, que assim doí e custa menos.
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