“Adeus Ophelinha”
Na 2ª sessão de Março do Grupo de Leitores de Carnaxide, antecipámos as comemorações do Dia Mundial da Poesia lendo, melhor dizendo, saboreando a poesia de Fernando Pessoa, em sessão concorrida,
"Eu tenho ideias e razões, conheço a cor dos argumentos E nunca chego aos corações."
Inevitavelmente lemos alguns dos seus heterónimos mais conhecidos,
Alberto Caeiro que nos transmite que “as coisas devem ser sentidas tais como são”,
Se quiserem que eu tenha um misticismo, está bem, tenho-o.
Sou místico, mas só com o corpo.
A minha alma é simples e não pensa.
O meu misticismo é não querer saber.
É viver e não pensar nisso
Álvaro de Campos que “distancia-se do objectivismo do mestre (Caeiro)
centrando-se no sujeito, caindo, pois, no subjectivismo que acabará por
enveredar pela consciência do absurdo”
Grandes são os desertos, e tudo é deserto
Grande é a vida, e não vale a pena haver vida»
(…)e da fadiga”
O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço
Ricardo Reis que nos ensina que” as coisas devem ser sentidas, não só
como são, mas também de modo a integrarem-se num certo ideal de
medida e regras clássicas”,
A flor que és, não a que dás, eu quero.
Porque me negas o que te não peço.
Tempo há para negares
Depois de teres dado.
Flor, sê-me flor! Se te colher avaro
A mão da infausta esfinge, tu perene
Sombra errarás absurda,
Buscando o que não deste.
E também falámos de outros heterónimos, Bernardo Soares, Vicente Guedes, António Mora, Abílio Quaresma, Luís António Congo, Eduardo Lança e outros mais…
E para provar que o poeta também escrevia com candura…
"Adeus Ophelinha
Durma e coma, e não perca gramas
Seu muito dedicado
Fernando"
Viva a poesia!
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