As Nossas Sugestões - Maio 2011
Autor: Miguel Sousa Tavares
De quem se fala: Miguel Andresen de Sousa Tavares nasceu no Porto a 25 de Junho de 1950. Filho do advogado e jornalista Francisco Sousa Tavares e da poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen. Licenciou-se em Direito na Universidade de Lisboa, e foi na capital que passou a infância e a juventude. Durante mais de uma década foi advogado em Lisboa. Estreou-se no jornalismo em 1978, ano em que iniciou a sua colaboração na Radiotelevisão Portuguesa. Em 1989 participou na fundação da revista Grande Reportagem, que dirigiu entre 1990 e 1999. Ainda em 1989 foi também director da Sábado, fundada por Pedro Santana Lopes, mas manteve-se pouco tempo no cargo, devido à instabilidade interna da revista. Em 1990 começou a colaborar no Público, onde publicaria uma crónica semanal até 2002. Ao mesmo tempo, estendeu a sua colaboração ao desportivo A Bola, à revista Máxima e ao informativo online Diário Digital. Publicou os livros de crónicas Sahara, A República da Areia e Anos Perdidos, os romances Equador, Rio das Flores e No Teu Deserto, Não Te Deixarei Morrer David Crockett (pequenos textos) e o livro de viagens Sul."Para reaprender a simplicidade da escrita", lançou-se então na escrita infantil, tendo publicado dois livros, ambos recomendados pelo Plano Nacional de Leitura.
O que se diz: Sul, livro de viagens em que Miguel Sousa Tavares, como contador de histórias que se intitula, conta o que viu. Nesta colectânea de dezasseis pequenas crónicas – cada uma com o seu respectivo sítio (Guadalupe; Amazónia; Veneza; Egipto; África; Goa; Cabo Verde; S. Tomé e Príncipe; Tunísia; Alentejo…) -, o autor conta apenas a parte boa daquilo que viveu, a parte possível de partilhar com os outros: fotografias, relatos, mapas, instruções de viagens. Mas grande parte das suas vivências apenas pode ser memorizada por si: os cheiros, os sabores, os sons, os sentimentos.
Este é um livro ilustrado com dezenas de fotos dos sítios e gentes que viu, para que o leitor melhor entenda todo este “sul”. Sul, porque apesar de não ter apenas viajado para sul, nada de tão espectacular viu, como o sul.
Está dito: «Uma das pessoas que me ensinou a viajar foi a minha mãe. Ensinou-me como uma simples frase. A única vez que viajámos juntos fomos a Roma. Estávamos sentados uma tarde na Piazza Navona, o seu local preferido de Roma. Ela bebia um dos seus inúmeros chás diários e há mais de uma hora que ali estávamos, sentados a contemplar a beleza perfeita da praça, enquanto fumávamos vários cigarros - ainda o mundo não era o que é hoje, uma quinta de virtudes ditadas pelos americanos.(...) Mas estávamos ali há demasiado tempo, era a primeira vez que vinha a Roma e tinha, logicamente, alguma pressa de seguir caminho e ver outras coisas. Sentindo a minha impaciência, a minha mãe disse-me: "Miguel, viajar é olhar." Até hoje, fiquei sempre cativo desta frase e do que ela implica e compromete o verdadeiro viajante."
Oficina do Livro, p. 234
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Autor: Antoine de Saint Exupery
De quem se fala: Antoine de Saint-Exupéry nasceu em Lyon, em 1900. Desde cedo sentiu grande vocação para a aventura. A sua maior ambição era ser oficial da marinha, mas ao chumbar no exame de admissão, enveredou pela aviação. Tornou-se assim piloto aos 27 anos e participou activamente em perigosas missões sobre o Mediterrâneo, o Deserto do Sahara e os elevados cumes da Cordilheira dos Andes. Voar era para Saint-Exupéry uma reflexão sobre a solidão, a amizade, o verdadeiro significado da vida, a condição humana e a liberdade. Com a chegada da 2ª Guerra Mundial, Saint-Exupéry alistou-se no exército francês, mas rapidamente teve que abandonar o seu país natal refugiando-se nos EUA. Aí, na "Terra das Oportunidades" deu asas à sua imaginação e tornou-se escritor, até ter-se dado como voluntário para a Força Aérea Americana. De 1924 a 1944, participou em inúmeras missões de sucesso sobre território francês. A 31 de Julho de 1944, Saint-Exupéry partiu para a sua última missão. O seu avião foi abatido por pilotos alemães sobre a ilha de Córsega. Nesse dia Saint-Exupéry não voltou, deixando por concluir a sua obra póstuma "A Cidadela", editada pela Presença e com uma excelente tradução e prefácio de Ruy Belo.
O que se diz: "Cidadela" é impossível de inserir num género específico, pois é composta por um léxico próprio, de vocábulos iluminados por um sentido outro. O sentido do que é autêntico, sincero e participado, pois, para Saint-Exupéry, só quem colabora é. E "Cidadela" é, porque reflete o coração do homem simultaneamente singular e universal que procura e se pacifica ao considerar o silêncio como uma das respostas possíveis. Ao longo de uma narração de ordem aparentemente aleatória o autor indicia, assim, com uma sensibilidade notável, o reconhecimento dos limites próprios, dos outros e das coisas. Nas suas palavras: "a pedra não tem esperança de ser outra coisa que não pedra. Mas ao colaborar, ela congrega-se e torna-se templo" ainda que de abóboras imperfeitas, porque livres.
Está dito: "Aí têm uma grande descoberta que eu fiz: os homens moram, o sentido das coisas muda para eles conforme o sentido das casas."
Editorial Presença; 446 p.
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Autor: César Vidal
De quem se fala: César Vidal é doutorado em história, teologia e filosofia, e licenciado em direito. Foi docente académico em diversas universidades europeias e americanas. Tem colunas de opinião em vários órgãos de comunicação em Espanha. Defensor incansável dos direitos humanos, foi distinguido com o Prémio Humanismo da Fundação Hebraica (1996) e foi reconhecido por organizações como a Yad-Vashem, Sobreviventes do Holocausto (Venezuela), ORT (México) ou mesmo Jovens contra a Intolerância. Entre outros prémios literários, recebeu, no ano 2000, o de melhor novela histórica pela editora Crítica (Espanha) pela obra La Mandrágora de las Doces Lunas, em 2004 o Prémio MR de espiritualidade pelo livro El Testamento del Pescador e, também no mesmo ano, o Prémio Jaén de narrativa juvenil por El Último Tren a Zurich.
O que se diz: Em 173 d.C., durante a época do Imperador Marco Aurélio, o Império romano enfrenta grandes e complexos desafios: se, por um lado, deve manter a integridade das suas fronteiras, defendendo-se dos bárbaros, por outro tem de manter a ordem numa capital cuja população imigrante, ávida de prazer, aumenta sem cessar.
Aqui se cruzam Cornélio, um rapaz provinciano em busca de um destino glorioso, Valério, um centurião veterano, Rode, uma prostituta, e Arnúfis, um mago oportunista. As vidas destas quatro personagens serão submetidas a uma prova que transcende a compreensão humana.
Nesta sua ficção sobre um episódio extraordinário, César Vidal, um dos mais prestigiados autores de romance histórico, transporta-nos para Roma, nos finais do século II, e mostra-nos como o amor e a morte, a guerra, a compaixão, a dignidade e a lealdade são temas milenares da nossa espécie.
Está dito: “Um após outro, os legionários arremessaram ao chão os escudos para poderem correr com mais agilidade, e correram alvoraçados em busca de uma vida que sentiam em perigo.”
Editorial Presença; 255 p.
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Título: Canário
Autor: Rodrigo Guedes de Carvalho
De quem se fala: Rodrigues Guedes de carvalho é jornalista. Nasceu em 1963, no Porto. Em 1997 recebeu o Prémio Especial do Júri do Festival Internacional FIGRA, em França, com uma Grande Reportagem sobre urgências hospitalares. Aclamado pelo público e pela crítica, estreou-se na ficção com o romance “Daqui a nada” (1992), vencedor do Prémio Jovens Talentos da ONU.
O que se diz: História centrada em torno de duas personagens: um homem que está preso, por ter matado o companheiro da mãe, que tinha mais ou menos a sua idade; um escritor muito famoso, que enfrenta uma crise criativa. A sua vida perfeita é assombrada pelo autismo do neto, que ele finge não existir. De repente, o seu próprio casamento de muitos anos é posto em causa. Apresentam-lhe um filho que desconhecia...
Um poderoso romance sobre a vida na prisão, as relações e conflitos que se criam no interior das cadeias e sobre o que é ser prisioneiro. Mas também, e sobretudo, sobre a escrita e sobre os limites do escritor. Até onde está disposto a ir para encontrar inspiração para escrever?
Está dito: “Livros. Livros pelo chão que me arreliam, eu bem tento mantê-los na prateleira pequenina ao lado da pasta dos dentes e do sabonete, mas eles assim que podem, a rirem da inutilidade, os livros que o padre me empresta todos pelo chão, páginas arrancadas às vezes, para todas as outras utilidades do papel, os livros não têm grades, esteja a gente onde estiver, não têm grades e em consequência se a gente mergulha neles fica um nadinha sem grades também, esquecido até das hienas pelos cantos, a palitarem o canino”.
Publicações Dom Quixote, p. 319
Título: Memórias de Adriano
Autor: Marguerite Yourcenar
De quem se fala: Pseudónimo da escritora francesa Marguerite de Crayencour, nascida em 1903, em Bruxelas, Bélgica, e que veio a naturalizar-se norte-americana. A sua mãe, a aristocrata belga Fernande de Cartier, morreu 10 dias após o parto e a jovem Marguerite mudou-se para o norte de França com seu pai, onde permaneceu até 1914, altura em que a Primeira Guerra Mundial obrigou a família a fixar residência em Londres.
Já em Inglaterra, Marguerite aprendeu inglês e iniciou o estudo das línguas clássicas com o seu pai. Marguerite nunca frequentou a escola, tendo sempre estudado em casa com o pai ou com precetores que lhe proporcionaram uma educação esmerada. O pai, Michel, influenciou-lhe o gosto pela literatura francesa e pela literatura russa, tendo ambos encetado inúmeras viagens pela Europa e pelo Médio e Extremo Oriente durante a juventude daautora. Aos 16 anos escreveu o seu primeiro livro, Le jardin des chimères (O Jardim das Quimeras), que foi publicado em 1921 numa edição paga pelo próprio pai, sob o pseudónimo "Marg Yourcenar". O apelido "Yourcenar", anagrama de Crayencour, o seu nome de família, foi criado por Marguerite e Michel.
Em 1926 o pai voltou a casar e a autora mudou-se para a Suíça. Em 1951 publicou Mémoires d'Hadrien (Memórias de Adriano), fruto de quinze anos de trabalho, a sua obra maior que a tornou internacionalmente conhecida. Este sucesso seria confirmado com L'oeuvre au Noir (A Obra ao Negro), 1968, uma biografia imaginária de um herói do século XVI atraído pelo hermetismo e a ciência. Publicou ainda poemas, ensaios e memórias, manifestando uma atração pela Grécia e pelo misticismo oriental patente em trabalhos como Mishima ou la vision du vide (1981, Mishima ou a Visão do Vazio) e Comme l'eau qui coule (1982, Como a Água que Corre).
Marguerite Yourcenar foi a primeira mulher convidada para a Academia Francesa de Letras, em 1980, tendo ocupado o lugar em Janeiro de 1981.A autora faleceu a 17 de dezembro de 1987, nos Estados Unidos, deixando uma marca profunda na literatura de expressão francesa.
O que se diz: Romance histórico de Marguerite Yourcenar publicado em 1951. Às portas da morte, o imperador romano Adriano (século II) endereça ao seu sucessor, Marco Aurélio, um testamento político e cultural impregnado de um humanismo "pagão".
Está dito: "Esforcemo-nos por entrar na morte com os olhos abertos".
Ulisseia, 288 p.
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