Rostropovich (1927-2007) - I
Mstislav Rostropovich, talvez o maior violoncelista do século XX, morreu ontem de manhã, aos oitenta anos. Numa longa carreira onde a parte musical foi acompanhada por gestos públicos corajosos, Rostropovich conheceu alguns dos principais artistas e líderes do século XX. Um deles, o ex-presidente da Rússia, Boris Yeltsin, foi há dias enterrado no mesmo cemitério de Moscovo onde Rostropovich deverá repousar.
Rostropovich nasceu a 27 de Abril de 1927 em Baku, no Azerbeijão, uma das repúblicas da então União Soviética. A família, de origem russa, mudou-se para Moscovo quando ele tinha quatro anos. Filho de músicos, a criança cedo se revelou um prodígio. Teve como primeiro professor o pai, igualmente violoncelista. Aos oito anos deu o primeiro concerto público.
No conservatório Rostropovich foi aluno de Prokofiev e Shostakovich. Este último dedicou-lhe várias obras, e os dois seriam amigos até à sua morte, em 1975. Foi um dos casos em que o violoncelista pôde apreciar a repressão e o sofrimento a que a URSS submetia os artistas. Como violoncelista, Rostropovich aliava um temperamento emocional a uma técnica perfeita.
A lista de compositores que escreveram obras para ele inclui, além de Shostakovich (e do próprio Prokofiev, através da revisão de um concerto para violoncelo que resultou na Sinfonia Concertante), Britten, Dutilleux, Bernstein e Khatchaturian. Ficaram célebres as suas interpretações de Bach, Haydn e Dvorak, entre outros. No caso de Bach, a última gravação das suites suscitou alguma polémica, havendo quem a achasse idiossincrática. Além de violoncelista, Rostropovich foi maestro, tendo realizado inúmeras gravações, com diversas orquestras. Foi igualmente professor. Como intérprete, no entanto, a sua influência foi inultrapassável.
O grande violoncelista era também uma referência moral. Achava que os artistas tinham obrigação de defender a liberdade.
Notícia: Expresso
1 comentário:
Muito obrigada por este "post" deveras merecido!
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