sábado, 17 de abril de 2010

A República, lugar da utopia

Dia 21 de Abril, quarta-feira, 21H30
Auditório da Biblioteca Municipal de Oeiras
Iconografia Feminina na República
O olhar de Atena
com Maria Teresa Horta e João Cutileiro
Moderação: Carlos Pinto Coelho
Na segunda sessão deste projecto, continuaremos a percorrer o trilho da reflexão sobre esta categoria política que designamos como República. Na sua acepção etimológica, República significa espaço ou coisa pública enquanto exercício de intervenção cívica e construção da cidadania. Não poderíamos, por isso, deixar de convocar umas das dimensões mais importantes da sua história. Falamos, naturalmente, da representação iconográfica republicana e da herança de que é legatária de inúmeras figuras femininas, mitológicas e não só, que foram sendo convocados na representação deste ideal.
Desde sempre, a história do pensamento nos legou histórias e arquétipos que têm como inspiração a figura feminina. Uma das mais representativas dessas figuras mitológicas é a deusa Atena o seu significado no pensamento clássico grego. Atena era filha de Zeus que a teve sozinho, sem intervenção feminina. Ela nasceu da cabeça do grande deus, totalmente armada, pois segundo o pensamento dos criadores do mito, se a mulher gera através da barriga, é da cabeça dos homens que saem as suas criações. Deusa virginal da vitória e do combate, é também a deusa da sabedoria, protectora da vida política, da ciência e das artes, bem como da habilidade manual. Atena era frequentemente acolhida pelas cidades como protectora e patrona. Acima de tudo, Atena é geralmente considerada no mundo grego e especialmente na sua cidade Atenas, como deusa da razão. É ela quem, também, preside às artes e à literaura...
Uma outra figura feminina do imaginário mitológico é a célebre Vitória de Samotrácia, considerada a maior obra-prima de toda a escultura helenística. De figura alada e dramática, esta escultura representa a grande deusa Atena Niké (Atena que traz a vitória) que acabou de poisar na proa de um navio, ainda semi-sustentada pelo forte vento contra o qual avança. Símbolo da força e da determinação, celebra uma conquista naval de um famoso Rei da Macedónia e figura actualmente na escadaria principal do Museu do Louvre, em Paris.
Desde a Revolução Francesa que a figura da mulher é usada como ícone republicano. E é, também, assim, no caso português... é usada como símbolo de liberdade, de mãe protectora da pátria, de mulher do povo anónima cheia de força que luta pela revolução. Curiosamente, esta imagem cívica do feminino irá constrastar, nos séculos vindouros, com a exclusão das mulheres na participação política. Esta será apenas uma realidade do século passado com a conquista do direito ao voto. Esta representação condensa, por isso, uma das inúmeras contradições da história que se materailizará na resistência e luta pela cidadania e iguladade de direitos que se perpetuam até hoje...
Mais informações
21 440 63 36 ou ana.jardim@cm-oeiras.pt

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