Diderot e D' Alembert e o movimento enciclopedista, por Olga Pombo. Auditório da Biblioteca Municipal de Oeiras
O projecto 10 Luzes num Século Ilustrado prossegue amanhã, dia 22 de Abril, às 21H30, com mais duas Luzes do inesgotável universo setecentista. Desta vez será a Professora Olga Pombo que nos acompanhará numa viagem por entre os labirínticos caminhos do movimento enciclopedista.
De facto, desde a antiguidade até aos nossos dias, o projecto enciclopédico encerra em si mesmo o desejo e demanda pelo saber que é apanágio do século XVIII. Tal desejo traduz-se na pretensão de se constituir como conhecimento racional da totalidade do real, através de um elencar, um discursar exaustivo sobre o mundo, reflectindo a sua unidade. É como se o mundo, a realidade, o cosmos fosse um texto cuja leitura é infinita, uma biblioteca imensa, abrigando uma infinidade de livros e realidades possíveis. Esta ideia de labirinto, espelho, caminhos, mundos paralelos é também a linguagem da enciclopédia: uma tarefa sempre aberta e inacabada de prossecucção e ordenação do saber. É este, igualmente, o sentido das palavras de Jorge Luís Borges no conto A Biblioteca de Babel
O universo (que outros chamam a Biblioteca) é constítuido por um número indefinido e talvez infinito, de galerias hexagonais, com vastos poços de ventilação ao centro, cercados por varandas baixíssimas. De qualquer hexágono, vêem-se os pisos inferiores e superiores: interminavelmente. A distribuição das galerias é invariável. Vinte estantes, em cinco longas prateleiras por lado, cobrem todos os lados menos dois; a sua altura, que é a dos andares, excede apenas a de um bibliotecário normal. Uma das frentes livres a um saguão estreito, que desemboca noutra galeria, idêntica à primeira e a todas.
Dois séculos separam a Enciclopédia setecentista da Internet como recurso informativo e rede global de informação, mas a questão da organização do conhecimento, da sua pesquisa e recuperação e o princípio de leitura remissiva hoje tornada hipertexto, permanece como uma das questões determinantes para o conhecimento, tornando a sua construção uma tarefa sempre em aberto, sem centro ou ponto de referência, a não ser aquele que lhe dá o leitor.
Esta e muitas outras questões serão objecto de uma reflexão conjunta, pela voz da Professora Olga Pombo e com a moderação da jornalista Paula Moura Pinheiro!
Apareça!
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