terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Agenda do Século XXI...

Um dos temas da nossa Agenda do Século XXI é certamente continuar a salientar a importância da igualdade de género em termos de oportunidades. Mudar a mentalidade das pessoas até em relação ao que é o feminismo no Século XXI ... Investigar o terreno e criar as condições para as mulheres se realizarem plenamente e serem tratadas com dignidade. E esta é uma agenda transversal a qualquer pessoa, qualquer que seja o género! Ainda assim, séculos e séculos de uma determinada leitura do feminino ainda hoje é alimentada. É difícil lutar contra as convenções sociais, o peso que têm e a forma como moldam comportamentos. Esta austeridade imposta às mulheres, o impedimento do exercício das suas liberdades e opiniões é algo profundamente enraizado na memória coletiva... É um silêncio imposto há milénios. Apesar das evoluções significativas e históricas que ocorreram nas últimas décadas, ao nível legislativo, social e cultural, a igualdade de género, de direitos e oportunidades continua a ser um território onde importa continuar a lutar e a insistir. Por isso mesmo, este tema é obrigatório em 2017 nas atividades promovidas pelas Bibliotecas Municipais de Oeiras... Pela sua pertinência e atualidade. Aqui fica um artigo de opinião de Rui Tavares, publicado em Dezembro de 2016 a anunciar a responsabilidade de toda a comunidade em participar e mudar mentalidades. Chama-se Cidadania!

Eu vi 2017, e vai ser só homens
Digam comigo: queremos mais opiniões de mulheres no debate público português e de jovens e minorias.



De todas as previsões para o próximo ano, aquela em que tenho menos medo de errar é na seguinte: no próximo ano vamos passar muito tempo em salas de conferência, estúdios de televisão e páginas de publicações discutindo o futuro de Portugal, da Europa e do mundo, e vamos ser quase sempre só homens brancos de meia-idade ou mais velhos. Quem reclamar vai ser considerado irritante.
Os debates serão longos, chatos e sem novidade. Um dos homens de meia-idade suspirará pelo tempo em que não havia euro, outro pelo tempo em que não havia UE, e uma das perguntas do público será de um homem com saudades do tempo em que não havia imigração. A época por que se suspira será determinada pelo conteúdo dos livros que o homem em causa terá lido quando estava na licenciatura. A prioridade será regressar à normalidade que neles era descrita para que o homem possa explicar as receitas e soluções que já conhece de cor.
Os debates avançarão pouco. E o debate sobre os debates avançará muito pouco. A ninguém passará pela cabeça que uma composição diferente dos painéis - com mais mulheres, mais jovens e até, sacrilégio!, mais minorias - dará resultados mais interessantes. Ninguém dará muita consideração ao argumento de que experiências pessoais diferentes trarão consigo ideias diferentes, e que essa diversidade é proveitosa para a comunidade. Argumentos desses serão considerados picuinhas, estrangeirados e “politicamente corretos”. Se uma mulher os usar, dir-se-lhe-á primeiro que tem razão e que aquela infelicidade será corrigida com o tempo, mas à segunda vez lançar-se-lhe-á um olhar que dirá “por que és tão chata, sua feminista impenitente?”. Se um homem se queixar, faça-se de conta que ele não disse nada; à segunda, diga-se-lhe que poderá ele então ceder o seu lugar a uma mulher. O objetivo é ter painéis de homens que não se queixem por estarem em painéis só de homens e, de preferência, que nem sequer reparem que o painel só tem homens.
Gostaria muitíssimo de me enganar. Gostaria que os organizadores de tanta reflexão tomassem a diversidade e a representatividade como resoluções de Ano Novo (...) - ler artigo integral no Público.


Ver as obras existentes no catálogo das Bibliotecas Municipais sobre feminismo

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