sexta-feira, 17 de junho de 2011

As nossas sugestões - Junho 2011

Título: Cemitério de Pianos


Autor: José Luís Peixoto


De quem se fala: José Luís Peixoto nasceu em 1974 (Galveias, ponte de Sor). Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas ( Inglês e Alemão) pela Universidade Nova de Lisboa. Tem publicado poesia e prosa. Em 2001, o seu romance Nenhum Olhar recebeu o prémio literário José Saramago. Está representado em dezenas de antologias de prosa e de poesia, traduzidas para outras tantas línguas. É colaborador de diversas publicações nacionais e estrangeiras. É autor de peças de teatro representadas em alguns dos palcos mais prestigiados da Europa. Os seus romances estão publicados em França, Itália, Bulgária, Turquia, Finlândia, Holanda, Espanha, República Checa, Croácia, Bielorrússia, Brasil, Reino Unido, Hungria e Japão.


O que se diz: A escrita de Peixoto é a um tempo fresca, ágil, envolvente e, ao mesmo tempo, comporta toda uma herança universal. Estamos diante um escritor maduro. Um admirável narrador portugês. Luís Sepúlveda
Creio estarmos perante um grande ficcionista e, também, um grande prosador da língua portugusa, capaz de extraordinárias notações do real, de ritmos inovadores e até de uma relação estrutural com formas musicais que não têm precedentes entre nós. Vasco Graça Moura


Está dito: À procura, procura do vento. Porque a minha vontade tem o tamanho de uma lei da terra. Porque a minha vontade determina apassagem do tempo. Eu quero,Eu sou capaz de lançar um grito para dentro de mim, que arranca árvores pelas raízes, que explode veias em todos os corpos, que trespassa o mundo. Eu sou capaz de correr através desse grito, à sua velocidade, contra tudo o que se lança para deter-me, contra tudo o que se levanta no meu caminho, contra mim próprio. Eu quero. Eu sou capaz de expulsar o sol da minha pele, de vencê-lo mais uma vez e sempre. Porque a minha vontade me regener, faz-me nascer, renascer. Porque a minha força é imortal.


Quetzal, p.197






Título: A lenda de Henry Smart


Autor: Roddy Doyle

De quem se fala: Roddy Doyle nasceu a 8 de Maio de 1958 em Dublin. Licenciou-se em Artes no University College Dublin. Foi durante vários anos professor de Inglês e Geografia antes de se dedicar unicamente à escrita em 1993 ano em que recebeu o prémio Booker pelo livro As aventuras de Paddy Clark.


O que se diz: Brilhante... Narrado com esplendor, inteligência e um talento que coloca a escrita de Doyle a um novo nível. The New York Time Book Review
Doyle retrata com vivacidade as paixões arrebatadoras de um jovem irlandês ...e o nascimento da actual nação irlandesa. Time
Arrebatador...não é apenas o melhor livro que Doyle escreveu até hoje; é uma obra-prima, um épico extraordinariamente divertido. The Washington Post


Está dito: E lá estavam eles, os botõezinhos castanhos, enfileirados ao longo da parte da frente do mesmo vestido castanho, semelhantes às cabeças de pequenos animais a treparem silenciosamente em direcção ao pescoço dela, só que agora, passados nove ou dez anos, pareciam rastejar para baixo, em direcção às botas, umas botas que a lama tornava maiores, de atacadores desatados, a arrastar pelo chão. E estes atacadores eram a coisa mais rebelde que alguma vez vira.


Relógio d´Água, p. 268







Título: Shalimar o palhaço


Autor: Salman Rushdie

De quem se fala: Salman Rushdie nasceu em Bombaim em 1947. É autor entre outros, dos romances, Os filhos da meia noite, Os versículos satânicos, Harun e o mar de histórias e Shalimar o palhaço e A feiticeira de Veneza. A sua obra grangeou-lhe inúmeros prémios, entre os quais o European Union's Aristeion Prize for Literature. É membro da Royal Society of Literature e Commandeur des Arts et Lettres, Em 1993, Os filhos da Meia-Noite foi considerado o Booker of Bookers, o melhor romance a ganhar o Booker Prize nos seus 25 anos. A feitiçeira de Florença é a sua obra mais recente.


O que se diz: Evocando um romance de Gabriel García Márquez ou um filme de Quentin Tarantino ou uma tragédia, digamos de Shakespeare, Shalimar o palhaço é uma crónica de um assassínio anunciado... Rushdie desafia a gravidade e envia os seus personagens em viagens que ora conduzem, ora afastam do assassínio, entretendo e deslumbrando, mas sempre guiando-nos num exame a esse precário fio de alta tensão em que nos encontramos a caminhar no século XXI... O melhor romance de Rushdie desde Versículos satânicos. Los Angeles Times


Está dito: Ela sabia que ele estava a chegar, sentia-lhe a proximidade e preparou-se para a sua chegada. Matou o último cabrito, esfolou-o e preparou uma refeição. Tomou banho no riacho da montanha que atravessava o prado de Khelmarg e entrançou flores no cabelo. Tinha quase quarenta e quatro anos, as mãos ásperas do trabalho, dois dentes partidos, mas o seu corpo era macio. O corpo dela contava a história da sua vida. A obesidade da sua história de loucura desaparecera mas tinha deixado as suas marcas, as varizes, a pele flácida. Ela queria que ele visse a sua história, que lesse o livro da sua nudez, antes de fazer aquilo que viera fazer.


Dom Quixote, p.382




Título: Dentes brancos

Autor: Zadie Smith


De quem se fala: Zadie Smith nasceu em Londres em 1975. Formou-se em Literatura Inglesa na Univerdidade de Cambridge. Dentes Brancos o seu primeiro romance ganhou o Guardian Fist Book Award, o Whitbbread First Novel Award e o The Betty Trask Award. Seguiram-se O homem dos autógrafos e Uma questão de beleza.


O que se diz: Uma surpreendente assegurada estreia, cómico e sério... Fiquei deliciado com Dentes brancos e frequentemente impressionado. Salman Rushdie.

Uma escritora com um enorme potencial. The Times Literary Supplement.


Está dito: Era de manhã cedo, e ia já o século adiantado, em Cricklewood Braodway. Às 6.27 horas de 1 de Janeiro de 1975, Alfred Archibald Jones estava vestido de bombazina e sentado num Chevalier Musketeer cheio de fumo, de cara tombada no volante, na esperança de que não seria julgado com demasiada severidade. Estava deitado para a frente como uma cruz prostada, queixo descaído, braços abertos para cada lado como se fosse um anjo caído: Em cada punho tinha, amarrotadas, as medalhas de serviço militar (esquerdo) e a licença de casamento (direito), pois decidira levar os seus erros consigo. Uma luzinha verde piscou-lhe no olho, a assinalar uma curva para a direita que tinha decidido não fazer. Estava resignado. Estava preparado. Atirara uma moeda ao ar e ia cumprir firmemente as suas instruções. Era um suícidio decidido. Na verdade era uma decisão de Ano Novo.


Dom Quixote p. 17







Título: A última viagem do navio fantasma


Autor: Gabriel García Marquez


De quem se fala: Prémio Nobel da Literatura em 1982, Gabriel García Marquez nasceu na Colômbia em 1928. Foi responsável por criar o realismo mágico na literatura latino americana. Foi jornalista antes de se dedicar à escrita. Dos seus livros destacamos Cem anos de solidão, O amor nos tempos de coléra, Crónica de uma morte anunciada, O general no seu labirinto e O outono do patriarca.


O que se diz: Este livro faz parte de uma série de histórias cuidadosamente escolhidas que revelam todo o show de fantasia de Gabriel García Márquez. Com suas fabulações povoadas por situações oníricas e fenómenos insólitos, o autor nos descentra da realidade para dar licões onde cabem reflexões sobre o poder, o amor, a amizade, a política e a História usando a mitologia e o quotidiano da América Latina como cenário do seu Universo fantástico.


Está dito: Agora vão ver quem eu sou, disse para consigo, com o novo vozeirão de homem, muitos anos depois de ter visto pela primeira vez o transatlântico imenso, sem luzes e sem ruídos, que uma noite passou diante da aldeia como um grande palácio desabitado, mais comprido que a aldeia inteira e muito mais alto que a torre da sua igreja, e continuou a navegar nas trevas até à cidade colonial fortificada contra os corsários do outro lado da baía, com o seu antigo porto negreiro e o farol giratório cujos lúgubres feixes de luz, cada 15 segundos, transfiguravam a aldeia um acampamento lunar de casas fosforescentes e ruas de desertos vulcânicos, e embora ele fosse então um menino sem vozeirão de homem mas autorizado pela mãe a escutar até muito tarde na praia as harpas nocturnas do vento...


Dom Quixote, p. 2

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