Livros Proibidos - Ciclo de Conversas. A Casa dos Espíritos, de Isabel Allende. Com a atriz Maria João Luís.
É já amanhã, dia 15 de Novembro, às 21H30 que terá lugar a sexta sessão do projeto Livros Proibidos, desta feita dedicada à obra de Isabel Allende, A Casa dos Espíritos. Pelo olhar da atriz Maria João Luís e a moderação de Maria Flor Pedroso.
A Casa dos Espíritos, de Isabel Allende é uma daquelas obras marcantes no imaginário e universo de qualquer leitor do mundo. Um
texto de riqueza literária notável, onde as personangens femininas são estranhos anjos que acordam ao amanhecer
e que se revelam ou não aos simples mortais. Entidades quase incorpóreas
que não se demoram na simples temporalidade do quotidiano, mas acabam por
ganhar uma dimensão poética, num outro plano onde se concretizam. A razão da
sua inclusão num painel de Livros
Proibidos dedicado ao tema Corpo e
Identidades prende-se também com a riqueza e complexidade deste universo
feminino que atravessa várias gerações da família Trueba. Os nomes são já e por si só simbólicos e
metafóricos desta realidade: Nívea, a claravidente Clara, a estranhamente bela
Rosa ou Alba. São personagens inesquecíveis, transcendentais ou até mesmo
viciantes para o universo masculino que, num contexto de uma sociedade patriacal,
não as consegue dominar. Elas estão muito para além deles… Por outro lado,
trata-se de um texto escrito pela nossa autora durante o seu exílio forçado, na
exuberante Venezuela da década de 80 e que tem no seu enredo ingredientes
simultanemanete reais e ficcionados sobre a revolução socialista chilena (com um dos grandes protagonistas Salvador Allende, primo de seu pai, e o
golpe de estado de Augusto Pinochet com a subsequente ditadura que se instalou no
Chile). Foram, de resto, estes acontecimentos e a herança do nome Allende que obrigaram a nossa autora a
sair da sua pátria, onde tinha toda a sua vida estabelecida, e iniciar uma
diáspora que só terminaria aquando do restabelecimento da democracia no seu
país. Por tudo isto, A Casa dos Espíritos
seria obrigatoriamente um texto a revisitar, não só pelo encantamento,
densidade e complexidade das suas personagens que se tornam numa marca difícil
de esquecer, mas por constituir um daqueles casos de sucesso literário e de
vendas, ajudando a contextualizar alguns dos acontecimentos mais importantes chilenos
e que se inscrevem na tentativa humana de lutar sempre por um mundo melhor, com
mais oportunidades para todos e mais justiça. O percurso da nossa autora, que é
já longo, fala bem sobre todas as causas que já abraçou e aventuras que
vivenciou. Porque não se pode contar a história sem viver dentro dela. Depois,
e naturalmente, pela enorme capacidade que tem em manejar as palavras, que
brotam dentro dela como sementes lançadas em terra fértil. Uma vocação que não
se explica...
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