segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

As nossas sugestões - Dezembro 2011

Título: Ferrugem americana

Autor : Philipp Meyer

De quem se fala: Philipp Meyer foi criado em Baltimore; desistiu do liceu mas conseguiu o diploma aos dezasseis anos. Foi durante vários anos voluntário num centro médico em Baltimore e, mais tarde frequentou a Cornell University, onde fez Estudos Ingleses. Entre 2005 e 2008, Meyer foi fellow do Michener Center for writers em Austin, no Texas. Vive no Texas e em Nova Iorque.

O que se diz: " Meyer está já a ser comparado a John Steinbeck, e com muita razão." Esquire

" Ferugem americana tem o carimbo de Grande Romance Americano em toda a parte. Pode dizer-se que foi beber a Ratos e homens, Huckleberry Finn, Cormac McCarthy, Salinger e Kerouac." The Daily Telegraph

Está dito: " Isaac seguia pelas linhas da via férrea para evitar ser visto, embora não houvesse muitas pessoas fora de casa, de qualquer maneira. Ainda se lembrava das ruas na mudança dos turnos, quando o trânsito parava à medida que o dilúvio emergia da fábrica, homens cobertos de pó e ofuscados com a luz do sol; o seu pai, alto e brilhante, a baixar-se para lhe pegar ao colo. isso fora antes do acidente. Antes de ele se transformar no velho."

Caminho, p.14


Título: O cemitério de Praga
Autor : Umberto Eco

De quem se fala: Umberto Eco nasceu em Alexandria, em 1931. É escritor, filósofo, semiólogo, linguista e bibliófilo. Escreveu entre outros, O nome da rosa, O pêndulo de Foucault e A misteriosa chama da rainha Luana. O cemitério de Praga é o seu novo romance.

O que se diz: Durante o século XIX, entre Turim, Palermo e Paris, encontramos uma satanista histérica, um abade que morre duas vezes, alguns cadáveres num esgoto parisiense, um garibaldino que se chamava Ippolito Nievo, desaparecido no mar nas proximidades do Stromboli, o falso bordereau de Dreyfus para a embaixada alemã, a disseminação gradual daquela falsificação conhecida como Os Protocolos dos Sábios de Sião (que inspirará a Hitler os campos de extermínio), jesuítas que tramam contra maçons, maçons, carbonários e mazzinianos que estrangulam padres com as suas próprias tripas, um Garibaldi artrítico com as pernas tortas, os planos dos serviços secretos piemonteses, franceses, prussianos e russos, os massacres numa Paris da Comuna em que se comem os ratos, golpes de punhal, horrendas e fétidas reuniões por parte de criminosos que entre os vapores do absinto planeiam explosões e revoltas de rua, barbas falsas, falsos notários, testamentos enganosos, irmandades diabólicas e missas negras. Óptimo material para um romance-folhetim de estilo oitocentista, para mais, ilustrado com os feuilletons daquela época. Há aqui do que contentar o pior dos leitores. Salvo um pormenor. Excepto o protagonista, todos os outros personagens deste romance existiram realmente e fizeram aquilo que fizeram. E até o protagonista faz coisas que foram verdadeiramente feitas, salvo que faz muitas que provavelmente tiveram autores diferentes. Mas quando alguém se movimenta entre serviços secretos, agentes duplos, oficiais traidores e eclesiásticos pecadores, tudo pode acontecer. Até o único personagem inventado desta história ser o mais verdadeiro de todos, e se assemelhar muitíssimo a outros que estão ainda entre nós.

Está dito: O transeunte que naquela manhã cinzenta de Março de 1897 tivesse atravessado por conta e risco a place Maubert, ou Maub, como lhe chamavam os malfeitores (outora centro de vida universitária, na Idade Média, quando acolhia a multidão de estudantes que frequentavam a Faculdade de Artes no Vicus Stramineuf, ou Rue du Fouarre, e, mais tarde, local de excecução capital de apóstolos do livre pensamento como Étienne Doulet) ter-se-ia encontrado num dos poucos lugares de Paris poupados aos esventramentos do barão Haussmann, entre um emaranhado de ruas malcheirosas, cortadas em dois sectores pelo curso do Biévre, que lá por baixo ainda emergia daquelas entranhas da metrópole e que há tempos tinha sido confinado, para se lançar febricitante, arquejante e verminoso no vizinhíssimo Sena.

Gradiva, p.9


Ver este título no catálogo da biblioteca

Título: Margarita e o mestre

Autor : Mikhail Bulgakov

De quem se fala: Escritor russo, nascido em 1891 e falecido em 1940, estudou medicina, mas celebrizou-se enquanto romancista e dramaturgo.Margarita e o mestre, a sua obra-prima foi publicado a título póstumo, é um romance de construção complexa no qual retoma o tema de Fausto e da salvação.

O que se diz: " O modo de vida moscovita (com a enorme contenção de víveres, corrupção e outros reflexos do sistema político e social vigente), o poder do amor ( Margarita e o Mestre) e farpas apontadas à presunção do meio literário (sempre actuais infelizmente) por um escritor durante anos impedido de publicar [...]" João Morales, Os meus livros

Está dito : "Chegados à sombra das tílias, que apenas começavam a verdejar, os dois escritores avançaram de imediato para um quiosque multicor com a tabuleta: CERVEJA E ÁGUAS.

Sim, é preciso assinalar a primeira coisa estranha dessa horrível noite de Maio. Não apenas junto ao quiosque, mas em toda a alameda paralela à Rua Málaia Bronnaia, não se via uma única pessoa. A uma hora em que parecia que já não chegavam as forças nem para respirar, quando o Sol, depois de ter abrasado Moscovo, se escondera no nevoeiro seco algures para lá da Sadovaia, não havia ninguém debaixo das tílias, ninguém sentado nos bancos. A alameda estava deserta."

Público, p.9



Título: Nocturnos
Autor: Kazuo Ishiguro

De quem se fala: Nascido em Nagasáqui, Japão, em 1954, Kazuo Ishiguro vive na Grã -Bretanha desde os cinco anos de idade. Escreveu vários romances entre os quais, Os despojos do dia ( 1989, vencedor do Booker Prize), Os Inconsolados (1995, vencedor do Cheltenham Prize), Quando éramos orfãos (2000, nomeado para o Booker Prize) e Nunca me deixes (2005, nomeado para o Booker Prize). Em 1995 foi feito Oficial da Ordem do Império Britânico, por serviços prestados à literatura, e em 1988 recebeu a condecoração de Chevalier de L' Ordre des Arts et des Lettres da República Francesa.

O que se diz: " Captar a magia de uma arte através do prisma de outra não é tarefa fácil. Mas kazuo Ishiguro procura isso mesmo neste seu sétimo livro [...]. O que faz um grande número musical, uma peça que transcende modas, é, evidentemente, a sua peculiaridade, a sua originalidade. E é a atracção e o impacte desta qualidade nebulosa que Ishiguro consegue veicular com inteligência e emoção nestas histórias." Christian House, The Independente...

Está dito: - Só tens quarenta e sete? Só?- exclamou Emily num volume de voz desnecessariamente alto, tendo em conta que eu estava sentado ao lado dela.- É precisamente esse «só» que está a dar cabo da tua vida, Raymond. Só, só, só. Estou a fazer o melhor que posso. tenho quarenta e sete anos, não tarda muito terás sessenta e sete, e aposto ainda andarás à procura do raio de uma casa que te convenha!

Gradiva, p.57

Ver este título no catálogo das bibliotecas

Título: Cróquete humano
Autor: Kate Atkinson

De quem se fala: Kate Atkinson nasceu em Iorque e vive actalmente em Edimbugo. Retratos de família o seu primeiro romance, recebeu o Whitbread first Novel Award e foi escolhido como o Whitbread Book of the Year, em 1995. Em França, a Lire, nomeou-o o Melhor Livro do Ano. Os seus contos também já haviam recebido vários prémios. Os seus romances mais recentes são Not the end of the world, Case histories e Started early, took my dog.

O que se diz: " Cróquete humano é a prova de que Kate Atkinson trilha um caminho fantástico, que ela própria vai inventando... Rico em ambiguidades e agradáveis surpresas." Katherine Weber, The New York Times Book Review

" Retratos de família foi muito bem recebido pela crítica e pelo público... Com a publicação posterior do romance Human Croquet, Kate Atkinson tornou-se em definitivo uma das ficcionistas da Grã- Bretanha que maior interesse motiva em acompanhar a sua produção lierária." José Manuel Cortês, Público

Está dito: " Há um estranho sentimento nas ruas de árvores, embora não me apeteça dizer o que é, exactamente. Estou deitada na cama, olhando para a janela da minha mansarda cheia de nada, a não ser do céu da manhã, uma página azul, vazia, um dia sem planos à espera de ser preenchido. É o primeiro dia de Abril e é também o meu aniversário, o décimo sexto, o mítico, o lendário. A idade em que, tradicionalmente, as rocas começam a girar, os admiradores a aparecer e todo o resto do imaginário sexual começa a manifestar-se; nunca fui beijada por um homem, excepto pelo meu pai, Gordon,que deixa os seus tristes óculos paternais na minha face como pequenos insectos irrequietos."

Planeta, p.23


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