terça-feira, 24 de outubro de 2017

As nossas sugestões...castanho


Obra-prima do romance de mistério, a Pousada da Jamaica passa-se na Cornualha no ano de 1820. Mary Yellan, uma jovem de vinte e três anos, vê-se obrigada, após a morte da mãe, a ir viver com uma tia num local ermo e isolado onde esta, juntamente com o marido, explora a Pousada da Jamaica. Mas Joss Marlyn, o marido da tia Patience, é um homem obscuro e violento, e uma atmosfera ameaçadora e sinistra envolve aquele lugar. Suspense, paixão e aventura numa obra reveladora da capacidade única de Du Maurier para captar o espírito perturbador, quase sobrenatural, dos locais que elege como cenário dos seus romances.

Thomas Moran descobre a sua vocação de uma forma, no mínimo, turbulenta. Quando em 1906 São Francisco é abalada por um violento terramoto, Thomas, então com sete anos, comete o seu primeiro acto de delinquência e a partir daí a sua vida toma um rumo que em muito reflectirá a própria história dos Estados Unidos. Gangsters de todas as nacionalidades, vigaristas, autoridades corruptas e as provações de viver à margem da sociedade constituirão o seu dia-a-dia, mas a força de um grande amor poderá estar prestes a mudar o seu destino. Quando Thomas conhece Effie, filha de um vinicultor de Napa Valley, conhece também talvez a única grande oportunidade de ir ao encontro de uma vida nova. Mas será ainda possível salvá-lo de si próprio?

Estamos em 2001, e a família Drummond, reunida pela primeira vez em muitos anos, juntou-se perto de cabo Canaveral para assistir ao lançamento no espaço da sua amada filha e irmã, Sarah. No cenário irreal e em technicolor das mais finas atrações turísticas da Florida, os Drummonds e os seus intímos conseguem manter-se em todas as atividades ilícitas possíveis debaixo do sol tropical - rapto, chantagem, armas e mercado negro, para enumerar apenas algumas delas. Aparentemente não são capazes de evitar problemas, mas o que poderia resultar numa espécie de cacofonia de talk-show, nas mãos de outro escritor, torna-se nas mãos de Coupland material para uma epopeia moderna. Mesmo quando a vida dos Drummond fica completamnte fora de controle, Coupland recorda-nos sempre a sua humanidade, forjando uma hilariante obra-prima com o olhar agudo de um crítico cultural e o coração e a alma de um dotadíssimo contador de história. Quando recua no tempo e nos faz mergulhar nos vários passados dos Drummond, conta-nos não só os seus percursos, mas também a história dos nossos tempos - talidomida, sida, drogas, divórcio, internet, tudo isso aglutinado com a nossa cola do amor e da loucura das famílias. Os Drummond irão certamente juntar-se às fileiras das grandes famílias da ficção literária.

St. Mary Mead é uma pacata aldeia inglesa, onde o dia-a-dia decorre sem incidentes de relevo e até os equívocos e desaguisados do costume fazem já parte da rotina diária. Mas o comportamento arrogante e intransigente do coronel Protheoroe, figura proeminente na vida da aldeia, torna-o no alvo preferido de comentários controversos e dos ódios mais enraizados, levando o próprio vigário a declarar um momento de desespero e irreflexão que quem matasse o coronel faria um favor ao resto do mundo. O sereno vigário Clement não imaginava então que este seu comentário pouco feliz voltaria para o atormentar...

Um dia dois forasteiros chegam à aldeia de Lagares, isolada no meio das serras, lá nos confins do Minho. Um dos forasteiros era de estatura colossal, a quem logo chamam o Gigante, mas que na realidade tem por nome Thomas, o outro era Eunice, uma mulher pequena de cabelos cor de fogo que dentro em breve daria à luz dois gémeos. Ele, originário de um incerto país latino-americano, é um grande contador de histórias tão verdadeiras quanto inesgotáveis e que fazem as delícias dos habitantes de Lagares. Um dia, porém, o Gigante adormece e o seu sono prolonga-se por meses, anos, mas continua a contar as histórias com que vai sonhando. Nessa espera interminável, Eunice decide anotar por escrito tudo o que sonha aquele homem que ama e que tanto a fascina. E será a partir daí que as coisas seguirão um novo e extraordinário curso, mudando para sempre a vida daquela gente.

Quando a morte nos conta uma história temos todo o interesse em escutá-la. Assumindo o papel de narrador em "A Rapariga que Roubava Livros", vamos ao seu encontro na Alemanha, por ocasião da segunda guerra mundial, onde ela tem uma função muito activa na recolha de almas vítimas do conflito. E é por esta altura que se cruza pela segunda vez com Liesel, uma menina de nove anos de idade, entregue para adopção, que já tinha passado pelos olhos da morte no funeral do seu pequeno irmão. Foi aí que Liesel roubou o seu primeiro livro, o primeiro de muitos pelos quais se apaixonará e que a ajudarão a superar as dificuldades da vida, dando um sentido à sua existência. Quando o roubou, ainda não sabia ler, será com a ajuda do seu pai, um perfeito intérprete de acordeão que passará a saber percorrer o caminho das letras, exorcizando fantasmas do passado. Ao longo dos anos, Liesel continuará a dedicar-se à prática de roubar livros e a encontrar-se com a morte, que irá sempre utilizar um registo pouco sentimental embora humano e poético, atraindo a atenção de quem a lê para cada frase, cada sentido, cada palavra. Um livro soberbo que prima pela originalidade e que nos devolve um outro olhar sobre os dias da guerra no coração da Alemanha e acima de tudo pelo amor à literatura.

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