AS NOSSAS SUGESTÕES - SETEMBRO DE 2006
Título: Quantas madrugadas tem a noite
Autor: Ondjaki
De quem se fala:
Ondjaki nasceu em Luanda, em 1977.
Interessa-se pela interpretação teatral e pela pintura (duas exposições individuais, em Angola e no Brasil). Participou em antologias internacionais. Escreve para cinema e co-realizou um documentário sobre a cidade de Luanda (Oxalá cresçam Pitangas, 2006). É membro da União dos Escritores Angolanos. É licenciado em Sociologia. Recebeu no ano 2000 uma menção honrosa no prémio António Jacinto (Angola) pelo livro de poesia Actu Sanguíneu. Em 2005 o seu livro de contos E se amanhã o medo obteve os prémios Sagrada Esperança (Angola) e António Paulouro (Portugal). Alguns dos seus livros estão traduzidos para francês, espanhol, italiano e alemão.
O que se diz:
“Quantas Madrugadas Tem a Noite” está destinado a ser um marco na literatura angolana e na literatura de língua portuguesa em geral. Com uma extraordinária mestria narrativa, Ondjaki conta aqui uma história em que não se sabe o que admirar mais, se a fulgurante imaginação do autor, se a sua capacidade para a criação de tipos e situações carregados de significado, se a sua capacidade para elevar a linguagem coloquial a um altíssimo nível literário. O humor, a farsa, o lirismo, a tragédia, o horror, todos estes sentimentos são aqui convocados e expostos, com a fluência de quem conta, simplesmente, uma história, na Luanda dos dias de hoje.
Está dito:
“Num tenho dinheiro, num vale a pena te baldar. Mas, epá, vamos só desequilibrar umas birras; sentas aí, nas calmas, eu te pago em estória, isso mesmo, uma pura estória daquelas com peso de antigamente, nada de invencionices de baixa categoria, estorietas, coisas dos artistas: pura verdade, só acontecimentos factuais mesmo. A vida não é um carnaval? Vou te mostrar alguns dançarinos, damos e damas, diabo e Deus, a maka da existência.
Transformo só o material pra lhe dar forma, utilidade. O artista molha as mãos pra trabalhar o destino do barro? Eu molho o coração no álcool pra fazer castelo das areias em cima das estórias...
Uma noite, quantas madrugadas tem?”
Editorial Caminho ; 203 p.
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Título: O Perfume: História de um assassino
Autor: Patrick Suskind
De quem se fala:
Patrik Suskind, alemão nascido na Baviera, que até à publicação do romance O perfume se tinha limitado a escrever uma peça para teatro, emergiu meteoricamente do anonimato. A crítica internacional dos mais diversos sectores tem-no distinguido como um dos mais importantes romances da década de 80, constituindo um dos mais assombrosos casos de bestseller, em todo o mundo.
O que se diz:
Todos estão de acordo O Perfume é, sem dúvida, um romance estranho. A narração é tão envolvente e bela que nos esquecemos que retrata a história de um assassino. Desde as primeiras páginas, somos impregnados de aromas ressaltando ao longo de todo o romance, o sentido do olfacto. Tendo como cenário uma excelente reconstituição da França do século XVIII, modos e hábitos sociais, bem como do ofício de perfumista, a história guia-nos através da vida de Grenouille, um homem que nasceu diferente, viveu diferente e morreu diferente. Dotado de um olfacto extraordinário, o personagem vive numa dimensão alternativa, utilizando o olfacto onde o comum dos mortais utilizaria os cinco sentidos. Mais perturbante ainda é o facto de ele próprio ser desprovido de odor corporal, o que leva a sociedade a encará-lo com um misto de indiferença e horror.
Está dito:
«Não se encontrou nada, nem os cadáveres, nem o cofre, nem os cadernos com as seiscentas fórmulas. De Giuseppe Baldini, o mais famoso perfumista da Europa, apenas restou um odor em que se misturavam almíscar, canela, vinagre, alfazema e mil outros produtos que, ao longo de semanas, se manteve nas águas do Sena, de Paris, até ao Havre.»
Presença; 273 pág.
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Título: As Rosas de Atacama
Autor: Luís Sepúlveda
De quem se fala:
Luís Sepúlveda nasceu em Ovalle, no Chile, em 1949, e vive actualmente em Gijón, Espanha, depois de ter passado por Hamburgo e Paris. Entre os seus romances encontram-se títulos conhecidos como “O velho que lia romances de amor”, “Mundo do fim do mundo”, “Nome de toureiro”, Patagónia Express”, “História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar”, “Encontro de amor num país em guerra” e “Diário de um killer sentimental”. Estes livros têm sido permanentemente reeditados e transformaram Luís Sepúlveda num dos escritores latino-americanos mais famosos e queridos entre os leitores portugueses.
O que se diz:
Diz a editora: “Há alguns anos, no campo de concentração de Bergen Belsen, na Alemanha, Luís Sepúlveda encontrou gravada numa pedra uma frase de autor anónimo que dizia «Eu estive aqui e ninguém contará a minha história». Essa frase trouxe-lhe à memória toda uma galeria de personagens excepcionais que havia conhecido e cujas histórias mereciam ser contadas. Assim nasceu o presente livro”. Digo eu que o livro, apresentado em pequenas crónicas, faz sobressair toda a sensibilidade do autor, tão típica dos escritores latino-americanos. São retratos reais de vidas anónimas que transportam episódios de coragem, abnegação e gosto pelo que de mais simples e belo pontua a nossa existência. A ler.
Está dito:
«De repente, sem dar por isso, as minha mãos uniram-se ao rítmico tamborilar dos dedos nas mesas, e deixei-me levar pelos contadores de histórias que falam de dias muito distantes, de uma liberdade arrebatada por negreiros franceses e holandeses, de uma Polinésia a que os malgaxes regressam todas as noites, na alucinada barca do tabaco e do rum, na mesma barca infinita dos sonhos onde por fim encontrei Yañez, e soube por ele que Sandokan estava bem, muito bem, recuperado e pronto para novos combates, porque as feridas dos heróis da literatura são rapidamente curadas com o bálsamo da leitura.”
Edições ASA ; 144 pág.
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Título: O Deus das pequenas coisas
Autor: Arundhati Roy
De quem se fala:
Arundhati Roy Frequentou o curso de arquitectura da Universidade de Deli e foi autora de guiões para séries televisivas e filmes. Com este seu primeiro romance – traduzido em dezasseis línguas e que constituiu um acontecimento literário em todos os países em que foi publicado –, obteve o “Booker Prize” de 1997. Vive actualmente em Nova Deli.
O que se diz:
O Deus das Pequenas Coisas é a história de três gerações de uma família da região de Kerala, no sul da Índia, que se dispersa por todo o mundo e se reencontra na sua terra natal. Uma história feita de muitas histórias. A histórias dos gémeos Estha e Rahel, nascidos em 1962, por entre notícias de uma guerra perdida. A de sua mãe Ammu, que ama de noite o homem que os filhos amam de dia, e de Velutha, o intocável deus das pequenas coisas. A da avó Mammachi, a matriarca cujo corpo guarda cicatrizes da violência de Pappachi. A do tio Chacko, que anseia pela visita da ex-mulher inglesa, Margaret, e da filha de ambos, Sophie Mol. A da sua tia-avó mais nova, Baby Kochamma, resignada a adiar para a eternidade o seu amor terreno pelo Padre Mulligan. O Deus das Pequenos Coisas é uma apaixonante saga familiar que, pelos seus rasgos de realismo mágico, levou a crítica a comparar Arundhati Roy com Salmon Rushdie e García Márquez.
Está dito:
“Era quente, a água. Verde-cinza. Como seda rasgada.
Com peixe dentro.
Com céu e árvores dentro.
E, à noite, com a lua amarela e despedaçada dentro.”
Edições ASA ; 301 p.
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Título: Uma cana de pesca para o meu avô
Autor: Gao Xingjian
De quem se fala:
Gao Xingjian nasceu na China em 1940 e vive em França, desde 1988. Romancista, pintor, dramaturgo, encenador, crítico literário e poeta. As suas peças de teatro são interpretadas em todo o mundo e as suas tintas da China circulam nos quatro cantos do planeta. O seu magistral romance, A montanha da Alma, que as Publicações D. Quixote editarão brevemente, teve, aquando da publicação em França em 1995, um excelente acolhimento, tanto por parte da crítica como dos seus leitores. Gao Xingjian recebeu no ano 2000 o Prémio Nobel da Literatura.
O que se diz:
Recordações de infância, as alegrias simples do amor e da amizade, a terra natal e os seus lugares familiares, mas também os dramas da rua ou as tragédias vividas pela China, são estes os temas destes seis contos escolhidos pelo autor. Com um imenso talento, Gao Xingjian brinca com estas imagens e com a escrita, leva-nos, como se nada fosse, a entrar nos seus sonhos mais íntimos – quer sejam os do rapazinho que se tornou um adulto, de um jovem recém-casado perdido de amor ou de um nadador em risco de vida… Sorrisos e lágrimas atravessam esta leitura, que nos deixa o belo e suave sabor da emoção.
Está dito:
“Ao longe, na praia deserta, julgamos distinguir pela janela, em contraluz, um homem deitado num canapé, de costas viradas para o mar, uma toalha de banho no ombro. Com uma mão põe para cima o chapéu que lhe cobria a cara, com a outra apanha um livro pousado na areia e recomeça a ler.”
Dom Quixote ; 118 p.
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Título: Crianças para sempre
Autor: Eduardo Sá
De quem se fala:
Eduardo Sá é psicólogo clínico, psicanalista e professor de psicologia clínica na Universidade de Coimbra e no ISPA, em Lisboa. Tem uma longa experiência de acompanhamento de fetos e de bebés, de crianças, de adolescentes e das suas famílias. Presentemente, centra a sua actividade clínica no acompanhamento individual de adultos. Tem colaborado regularmente na imprensa, nomeadamente nas revistas “XIS”, do jornal Público, Adolescentes, e actualmente na “Notícias Magazine”, do Diário de Notícias. Publicou, entre outros títulos, “Manual de instruções para uma família feliz”, “Más maneiras de sermos bons pais” e “Tudo o que o amor não é”.
O que se diz:
Se a infância fosse cor-de-rosa ou azul-bebé, não seria necessário desperdiçar muitos anos, várias relações e diversos casamentos para cicatrizar muitos sofrimentos infantis. Se alguns governantes, diversas autoridades e muitos técnicos tivessem tido uma infância feliz, davam outras oportunidades às crianças. Se a infância de muitos pais tivesse sido um bem de primeira necessidade, os seus filhos seriam “Crianças para sempre”.
Está dito:
“Crianças saudáveis são aquelas que, ao irem pela rua, de mão na mão dos pais, procuram todas as dificuldades que encontram num passeio, nunca falam baixinho (…porque a paixão nunca se vive com cerimónia ou em «bicos de pés») e, quando perguntam de onde vêm os bebés, não ficam perplexas com as explicações dos pais, mas divertidas com o seu embaraço”.
Fim de Século; 159 p.
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Título: Baby Blues – tamanho familiar e biodegradável e super-absorvente
Autor: Rick Kirkman e Jerry Scott
De quem se fala:
Rick Kirkman e Jerry Scott lançaram a série Baby Blues na década de 90. A National Cartoonists Society declarou-a a melhor tira cómica do ano, e muitos prémios semelhantes hegaram a todo o mundo. Rick Kirkman vive e trabalha em Phoenix, Arizona. Jerry Scott vive em Malibu, Califórnia.
O que se diz:
O problema dos bebés, todos, é que nenhum vem com autocolantes explicativos, manuais de instruções ou indicações de reparação. Aquilo que de facto é comum a todos os recém-papás, é que todos estão profundamente convencidos de que o seu rebento é a primeira criança, desde que existem registos históricos, a revelar-se assim tão difícil/ fácil/ resmungão/ dorminhoco/ desperto/ sossegado/ irrequieto/ feliz/ tristonho/ zangado/ satisfeito. É uma hilariante história feita de situações quotidianas, típicas de quem tem crianças em casa. A família MacPherson proporciona-nos momentos de constante comédia a não perder!
Está dito:
“Baby Blues é um dos relatos mais cómicos sobre ‘como criar um filho’ que algum dia apareceu em cartoon”.
Bizâncio; 255 p.
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Título: Vinho Mágico
Autor: Joanne Harris
De quem se fala:
Joanne Harris nasceu em Yorkshire em 1964, de mãe francesa e pai inglês. O seu romance anterior, Chocolate, transformou-se num grande sucesso internacional.
O que se diz:
A história é-nos contada por uma garrafa de “Fleurie 1962”, um vinho vivo e tagarela, alegre e um pouco impertinente, com um acentuado sabor a amoras. Jay Mackintosh, e tempos um escritor de sucesso, encontra-se em crise, leva uma vida sem sentido e entrega-se à bebida. Até ao dia em que abandona Londres e se instala em França, na aldeia de Lansquenet (a mesma aldeia que serviu de cenário a Chocolate). A partir daí a sua vida vai modificar-se, nomeadamente por acção da solitária Marise (que esconde um terrível segredo por detrás das persianas fechadas) e das recordações de Joe, um velho muito especial que conheceu na infância e que lhe ofereceu precisamente essa garrafa de propriedades invulgares e misteriosas…
Está dito:
“Em vez disso, puxou-a para si, sentindo o cabelo dela no rosto, os lábios contra os seus, a ávida macieza dela nos seus braços e a respiração contra o seu rosto. O beijo tinha exactamente o saber que ele imaginara: framboesas e rosas envoltas em fumo.”
Edições Asa; 296 p.
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Título: O fio das missangas
Autor: Mia Couto
De quem se fala:
Mia Couto nasceu na Beira, em Moçambique, em 1955. Foi jornalista. É professor, biólogo e escritor. Está traduzido em diversas línguas. Entre outros prémios e distinções (de que se destaca a nomeação, por um júri criado para o efeito pela Feira Internacional do Livro do Zimbabwe, de Terra Sonâmbula como um dos doze melhores livros africanos do século XX), foi galardoado, pelo conjunto da sua já vasta obra, com o Prémio Vergilio Ferreira 1999.
O que se diz:
Uma vez mais Mia Couto regressa ao conto, género literário que parece ser o da sua maior realização. Estórias breves mas contendo, cada uma delas, as infinitas vidas que se condensam em cada ser humano. Uma vez mais, a linguagem é trabalhada como se fosse uma delicada filigrana, confirmando o que o autor disse de si mesmo: “conto estórias por via da poesia”. São vinte e nove contos unidos como missangas em redor de um fio, que é a escrita encantada de um consagrado fabricador de ilusões.
Está dito:
“Estou tão feliz que nem rio. Deito-me com desleixo, bastando-me: eu e eu. O regressar de meu marido mediu, até hoje, todas as minhas esperas. O perdoar a meu homem foi medida do desespero. Durante tempos, só tive piedade de mim. Hoje não, eu me desmesuro, pronta a crianceiras e desatinos. Minha alegria, assim tanta, só pode ser errada.”
Caminho; 149 p.
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Título: Um dia em Fevereiro
Autor: Mark Kharitonov
De quem se fala:
Mark Kharitonov, escritor moscovita nascido em 1937, conheceu as luzes da ribalta com a atribuição do primeiro Booker Prize Russo. É também autor da triologia “Une philosophie provinciale”, “Un mode d’existence”, “Les Deux Ivan” e “Étude sur les masques”.
O que se diz:
Em 1987, em Paris, durante o Carnaval, Gogol, o mestre absoluto do grotesco e do fantástico russo, percorre as ruas da rive gauche, mistura-se com a multidão, perde-se dos seus dois companheiros ucranianos, fica sozinho e entra num restaurante. Aí, senta-se à mesa de um homem corpulento que se revela seu compatriota, e até um escritor e até… Gogol em pessoa. O realismo mágico desta obra vai encantar todos os leitores que se interessam pelo insólito, os estetas e auqeles que se põem a eterna questão: em que ilusão se baseia a arte?
Está dito:
“Tirou do bolso uma tabaqueira com a forma de uma concha em volutas; as mandíbulas da concha abriram-se sozinhas sob a pressão de um botão invisível. Nenhum dos convivas se serviu, nem sequer o seu proprietário; todos percebiam que a tabaqueira servia para ser exibida.”
Teorema; 132 p.
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