quarta-feira, 2 de maio de 2007

«(...) Se eu pudesse trincar a terra tôda
E sentir-lhe um paladar,
Seria mais feliz um momento...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez enquando infeliz para se poder ser natural...

Nem tudo é dias de sol,
E a chuva quando falta muito, pede-se.
Por issso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...

O que é preciso é: ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim e assim seja... »

Alberto Caeiro (heterónimo de Fernando Pessoa)

1 comentário:

Anónimo disse...

Tão bom. Dá calma e serenidade à tristeza. Deixa o brilho da esperança. Obrigada.