sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Zimler no Café com Letras


Foi na passada quarta-feira que Richard Zimler visitou a Biblioteca Municipal de Algés, em mais uma conversa do Café com Letras. Tivemos oportunidade de falar e partilhar a vida do homem e do escritor em mais de duas horas de convívio verdadeiramente agradáveis. Perante uma audiência considerável, Richard Zimler falou da obra e da pessoa, sem barreiras nem constrangimentos!

Um escritor que, como dizia Carlos Vaz Marques, "vive em Portugal, mas cuja pátria não é a língua portuguesa". Richard Zimler nasceu em Nova Iorque, no seio de uma família judaica laica, tendo trilhado caminhos diversos desde o estudo da religião comparada até ao jornalismo. Sinais de uma diáspora que terminaria no Porto, cidade onde reside. As suas primeiras tentativas de publicação foram árduas e infrutíferas, mas devido à sua insistência e ao trabalho da sua editora de sempre, Maria da Piedade Ferreira, a sua obra está aí e fala por si, não só em Portugal, onde já conquistou inúmeros leitores, mas, também, no estrangeiro, estando já traduzido em diversas línguas. Abona a seu favor todo o trabalho de tradução e cumplicidade existente entre si e a sua editora, de há muitos anos a esta parte.

O livro que serviu de pretexto à sessão foi o seu último romance intitulado "A sétima porta", o quarto do chamado ciclo sefardita iniciado com "O último cabalista de Lisboa". A história passa-se nos anos 30, em Berlim, capital alemã, no período de ascenção do regime nazi. Nas suas palavras, não deixa de ser curioso e incompreensível que Berlim, uma das capitais mais cosmopolitas da Europa, conhecida pela sua abertura, progresso e vida cultural, tenha servido de cenário à aurora de um dos acontecimentos mais terríveis e vergonhosos da história da humanidade.

Apontado, frequentemente, no meio judaico como anti-semita, em parte devido às posições tomadas na obra "À procura de Sana" e não só, Richard Zimler assume a sua condição de judeu não como um conjunto de rituais religiosos que constroem um sentimento de pertença a uma comunidade (cujo território último é Israel), mas como "um cidadão do mundo", cujas obrigações éticas e existenciais são mais profundas e vinculativas devido, justamente, ao que significa ser judeu na história da humanidade.

Ficou-nos o seu olhar e enorme vivacidade e a forma autêntica como exerce a sua vocação literária e humana. Será publicado em breve uma nova faceta da escrita de Zimler: um livro de contos. Certamente, um novo registo literário surpreendente!

Delitos de amor

Autor: Maria Mercè Roca




Gostei. Achei a história autêntica, fala de um assunto e um problema comum a todos os dias - a pedofilia, mas a sua autenticidade está no relato da história na primeira pessoa, algo pouco comum num livro de estilo romance.
Um bocado portentoso, mas numa escrita simples e concisa para uma leitura que se vai tornando cada vez mais entusiasmante.
Tomando logo à partida a personagem principal um homem execrável, sendo, claro, a meu ver, a pederastia e o seu exercício sempre incompreensível e contundente(;) acaba por nos cativar (a nós leitores) pela sua presteza e placidez revelando discernimento e um carácter imponente até ao fim. Clarividência é o que se extrai em toda a escrita do autor.

Sandra de Sousa Martins, 30 anos, Bancária

entrada n.º 0090

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Húmus

Autor: Raúl Brandão



Li parcialmente, pois o clima geral de negativismo e pessimismo da obra fez-me desinteressar.
Reconheço no entanto que o descritivo do autor é muito forte e válido.
Para mim valeram especialmente os «Papéis do Gabiru» que expressam, o espírito válido da obra e merecem toda a atenção.

Francisco Gomes, 73 anos, Reformado da EDP
entrada n.º 0089

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

História, Memória e Património

“História, Memória e Património” é o título do Ciclo de Conferências que terá início no dia 28 de Fevereiro, às 18H30, no Auditório Municipal César Batalha, em Oeiras.
O primeiro a participar será José das Candeias Sales, que falará sobre o tema «Arte e Espiritualidade no antigo Egipto: em busca da identidade de uma civilização». A par deste tema particular, o conferencista, aliás como todos os outros, partilhará com os participantes as suas perspectivas e opiniões sobre a temática geral do Ciclo.
Refira-se que, a trilogia História, Memória e Património, pela imbricada rede de relações que estabelece entre si, desempenha um papel central na evolução e devir históricos das sociedades, fazendo parte integrante e destacada das grandes questões que se colocam para a sobrevivência, para a história e para a identificação de uma civilização, de uma cultura, de uma sociedade.
Destinada ao grande público, esta iniciativa procura tratar esta problemática, sob diferentes ângulos e através de distintas temáticas, com o objectivo de efectuar uma reflexão aprofundada sobre alguns dos seus principais mecanismos e componentes.
A Comissão organizadora deste Ciclo é constituída por Nuno da Câmara Pereira, José das Candeias Sales e Victor Almeida. A iniciativa conta com o apoio da Câmara Municipal de Oeiras.

PROGRAMA
28 Fevereiro 18H30-20H00 «Arte e Espiritualidade no antigo Egipto: em busca da identidade de uma civilização» Prof. Doutor José das Candeias Sales

27 Março 18H30-20H00 «Entre a História e o Mito: Templarismo e neo-templarismo no património construído» Prof. Doutor José Manuel Anes
17 Abril 18H30-20H00 «Geopolítica e acção governativa. O Estado da Índia na segunda metade do século XVII» Dr. Luís Bívar
8 Maio 18H30-20H00 «A Ordem de S. Miguel da Ala: sua projecção histórica» Prof. Doutor Romero Bandeira
5 Junho 18H30-20H00 «O futuro da Europa» Dr. Mário David
O Auditório Municipal César fica localizado nas Galerias Comerciais do Alto da Barra, na Av. das Descobertas 9001, Oeiras – S. Julião da Barra.


Fonte: Site CMO

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

*** B d L U Z *****


**Para tomar pelos olhos, pela vontade, pela imaginação e - voar!... tele-transportado pelas Bandas Desenhadas da Biblioteca de Oeiras… neste instante a Vibrar Magia até ti… aí - onde a juventude é cada momento que não escapa á Luz que constróis - sorrindo, descobrindo, encantando, engendrando, fantasiando, gargalhando & sonhando… bem desperto! »» A Viver o Comic que trazes em ti!!


**patente nos Escaparates da Novidades
no Átrio da Biblioteca (de Oeiras)

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Como um Romance

O Grupo de Leitores da BM Algés reuniu, a 12 e a 19 deste mês, para conversar sobre Como um Romance, obra de Daniel Pennac. A escolha não foi inocente, na medida em que se pretendia dessacralizar o acto de ler, dando o devido ênfase ao prazer por ele proporcionado. O autor disserta sobre o assunto de forma bem-humorada, sensível e inteligente e consegue, como poucos, romancear dicas e truques, conselhos e práticas, transformando o que poderia ser entendido como uma obra eminentemente técnica – que o é, também –, num quase romance. Ler não pode ser uma obrigação, nem uma recompensa, nem um sacrifício. Ler deve ser uma prenda, uma dádiva, tal como era quando nos liam em voz alta, antes do sono. Transformar a leitura num castigo, numa tarefa exclusivamente académica, é matar a criação de futuros leitores, ainda mais quando, tantas vezes, são os adultos que, em relação aos seus próprios filhos, encetam a cruzada dessa necessidade imperiosa de ler mas… sentados nos seus tronos de telespectadores. Tal como diz o provérbio: bem prega Frei Tomás…
Da conversa foram saindo histórias sobre a leitura, como a realidade já distante de se procurar, nos textos literários, a educação sexual que não era transmitida nem pelas escolas nem pela família; de se proibir a leitura d’A Ilha dos Amores, n’Os Lusíadas; de existirem livros que marcam e que não se tornam a ler, pelas recordações tão vivas e dolorosas que trazem; reflectiu-se sobre a experiência traumática que representa, para uma criança, sentir a leitura como um acto de amor, num momento, e numa tarefa árdua e difícil, no seguinte; ouviu-se uma concisa – mas excelente – recensão sobre o último título de Pennac (Chagrin d’école) pela Helena, autobiografia em que o autor dá a conhecer o seu terrível percurso escolar, com notas fracas a todas as disciplinas (o que levou também o grupo a dissertar sobre se tal teria tido influência na sua forma de ensinar). A discussão manteve a sua pertinência com a análise da citação “Que espantosos pedagogos que nós éramos, quando não nos preocupávamos com a pedagogia.”
A propósito de leitura em voz alta, Miguel Torga e Mário Viegas visitaram o grupo, contando o primeiro “A consoada do Garrincha” e recitando o segundo, como só ele sabia, o “Boletim Meteorológico”. Visualizaram-se pequenos spots publicitários de promoção da leitura, uma entrevista com Fernando Savater e Ana Sousa Dias (em que o filósofo partilha das opiniões de Pennac), e ainda houve tempo para um olhar sobre o futuro do livro. Sobre a mesa, entre chás e bolinhos, obras de José Afonso Furtado, Jorge Luís Borges, Roger Chartier, Marcel Proust, Alberto Manguel e, em representação dos BMO’s, os 10 livros que mudaram o mundo. Uma última nota para uma intervenção virtual da Joana, que enviou e-mail manifestando a sua tristeza por não poder estar presente. Cito esta pérola: “Estou com um bocadinho de inveja, faz tanta falta pensar a conversar”. Lindo!
Em suma, duas sessões que, sem romance, começaram Como um Romance, ficando o dito para Março, com O Leitor, de Bernhard Schlink.
obras de Pennac nas BM Oeiras aqui
foto de Pennac aqui

"Não só os sentimentos criam palavras, também as palavras criam sentimentos"

Este mês o Grupo de Leitores da Biblioteca Municipal de Oeiras leu o Húmus de Raul Brandão. Obra de charneira no panorâma literário português, esta obra divide-se entre o Diário e o Romance, mas apesar de "inqualificável" foi considerada por David Mourão-ferreira uma "obra prima em qualquer literatura".
Público em 1917, este livro de acentuada temática metafísica, tem sido reconhecido como um percursor do romance existêncialista e do romance português contemporâneo.
Apesar da negritude e do pessimismo do enredo, o grupo não ficou indiferente à beleza das palavras e ao ritmo poético das descrições. Na primeira sessão, sentiu-se alguma resistência a tanto pessimismo, derrotismo e falta de esperança, mas na sessão da passada terça-feira, o grupo reconheceu as qualidades do texto, do autor e do simbolismo presente na história.
Nas suas Memórias, justifica a sua visão pessimista dizendo que "A certa altura da vida tive a impressão de que me despenhara num mundo de espectros. A face humana meteu-me medo pelo que nela descobria de repulsivo e de grotesco. Fugi para poder viver."
A obra de todos os escritores é sempre produto das suas experiências e vivências. Contudo, Raul Brandão é um homem que monta os seus livros e personagens em sólidos alicerces, construídos com a argamassa das recordações que foi acumulando, memórias de toda uma vida. As suas personagens são "reais", respiram , convivem e interagem com o leitor.
São bastante elucidativas as palavras do autor de Húmus: "Não só os sentimentos criam palavras, também as palavras criam sentimentos. As palavras formam uma arquitectura de ferro. [...] É com palavras que são apenas sons que tudo edificamos na vida. Mas agora que os valores mudaram, de que nos servem estas palavras? É preciso criar outras, empregar outras, obscuras, terríveis, em carne viva, que traduzam a cólera, o instinto e o espanto."
O autor que disse, "De facto tenho poucos leitores,mas esses me bastam porque são escolhidos...", foi escolhido pelo Grupo de Leitores para dar início às nossas leituras em 2008.

- Biografia do autor I, II;

As Nossas Sugestões - Fevereiro 2008

Título: Breviário das más inclinações
Autor: José Riço Direitinho

De quem se fala: José Riço Direitinho nasceu em Lisboa, em Julho de 1965, sendo licenciado em Agronomia nas especialidades de Economia Agrária e Sociologia Rural. O livro de contos "A Casa do Fim" marcou, em 1992, a sua estreia literária tendo publicado depois o "Breviário das Más Inclinações" (finalista do Grande Prémio de Romance e Novela APE, vencedor do Prémio Ramón Gomez de la Serna), "O Relógio do Cárcere" (Prémio Villa de Madrid, entre concorrentes de 26 países), "Histórias Com Cidades" e "Um sorriso Inesperado".
Com romances ou contos traduzidos na Alemanha, Holanda, Itália, Espanha, França, Inglaterra e Israel, a sua obra é hoje reconhecida como uma das mais representativas da nova geração europeia.

O que se diz: Quando chegaram a Vilarinhos dos Loivos, trazendo cacetes nas mãos e cinco mastins presos por longas arreatas, e se encaminharam para o fundo da aldeia, ninguém se atreveu a sair de casa. Sabiam todos que o José de Risso iria morrer de um modo atroz: batido pelos tendeiros e despedaçado em seguida pelos cães. De maneira que quando ao fim de três horas os viram descer as escadas de pedra, agarrados uns aos outros e a chorarem, e atirarem os paus para cima do telhado de colmo do estábulo, ninguém conseguiu acreditar.

Está dito: “Ao entrar na antiga casa do ferrador, o José de Risso pediu que aquecessem água. A viúva revolvia-se no catre, fazendo sair algumas penas pelos rasgões do colchão e envolvendo-se nos lençóis. Quando falava, chamando por Marín, começava a tossir. Marí Cármen Ventura estava sentada ao lado, a chorar, com uma manta de estamenha sobre os joelhos e um púcaro nas mãos”.



Título: Diálogo de vulto
Autor: Fernando Ribeiro

De quem se fala: Fernando Ribeiro tem 32 anos e vive em Lisboa. É um dos interlocutores destes diálogos. Observador atento das sombras e ouvinte vigilante dos seus murmúrios, acumula funções de vocalista, letrista e alma da banda heavy-metal Moonspell tendo publicado dois livros de poesia: "Como escavar um abismo" (Círculo de Abuso) em 2001 e "As Feridas Essenciais" em 2004. Contribui irregularmente com artigos e contos para as várias publicações. Encontra-se de momento a produzir o primeiro DVD de Moonspell e a ultimar o oitavo disco da banda. Prepara ainda um novo livro de poesia com o título provisório de Diálogo de Vultos e trabalha no seu primeiro romance O bairro das pessoas.

Está dito:
“Deita-te nua de ti
No mármore frio do meu corpo
Teus olhos fechados sobre o eclipse dos meu.

Seca os teus lábios
Nas feridas dos meus
E deixa-te estar quieta:
Até estas palavras passarem,
Até às sombras se calarem
E o nosso amor silenciar de vez
Este diálogo de vultos”.

Quasi; 80 p.


Título: Gente independente
Autor: Halldór Laxness

De quem se fala: Halldór Laxness nasce na Islândia em 1902 e torna-se lenda no seu próprio tempo. Em 1955 é galardoado com o Prémio Nobel da Literatura. Para além dos romances, Laxness escreveu também contos, ensaios, teatro, poesia e vários romances autobiográficos. A sua obra está traduzida em mais de 45 línguas e publicada em mais de 500 edições, com enorme sucesso em todo o mundo, nunca antes editada em Portugal. Halldór Laxness é um verdadeiro mágico com as palavras. Ele detém uma vasta gama de estilos e temas: nenhum dos seus romances se assemelha. Laxness consegue sempre surpreender o leitor, é detentor de uma imaginação e de recursos técnicos inesgotáveis. Laxness falece aos 96 anos, consagrado como um dos maiores escritores de sempre.

O que se diz: Este romance tem lugar na Islândia, no início do século xx, numa sociedade de servidão e num país com uma natureza inclemente. É a saga de Bjärtur, um homem obstinado, inquebrável e inesquecível.Bjär­tur vive no limiar da auto-suficiência e conta apenas com a sua obstinação e força interior, rejeitando qualquer caridade. Vive num vale com reputação de assombrado, só confia no seu rebanho, no seu cão e no seu cavalo. Se alguém toca o seu coração é Asta, a sua filha, mas tudo muda quando ela o desilude e magoa os seus enraizados princípios de honra…A determinação de Bjärtur e a sua luta pela independência são genuinamente heróicas, assustadoras e chegam a ser cómicas.

Está dito: “[…] Era como se de repente tivesse ficado com medo; como se alguém a tivesse espancado com força; por um momento parecia que a estavam a perseguir, corria apavorada de um canto para o outro; parou por duas vezes e bateu com o pé, soprou na cara de alguém. De quem? Oxalá de ninguém”.

Cavalo de Ferro; 488 p.



Título: Jack Frusciante saiu do grupo
Autor: Enriço Brizzi

De quem se fala: Enrico Brizzi escreveu este romance aos dezanove anos. Hoje, com vinte e três, vive e estuda em Bolonha, tendo escrito um segundo romance: Bastogne.

O que se diz: Alex, adolescente de Bolonha, estuda o menos possível, voa na sua bicicleta ao encontro de Aidi que deve partir em breve para a América e, entretanto, partilha ressacas, alegrias e álcool com os amigos e interroga um futuro demasiado previsível… O resultado é um romance que se tornou um livro de culto em Itália e noutros países.

Está dito: "em breve acabaria aqueles estúpido Fevereiro e o velho Alex sentia-se profundamente infeliz mas de uma forma alheada, como se a sua vida pertencesse – sensação por demais típica e dura, convenhamos – a outra pessoa qualquer. Mas não riam, por favor, pois na época o velho Alex ainda não tinha completado dezoito anos e naqueles dias o céu de Bolonha era tão expressivo como um bloco de ferro surdo e de semelhante expressividade não se podia esperar nada de exaltante, nem sequer um desses belos temporais definitivos que lavam as ruas e há quase duas semanas que a cidade jazia desmaiada sob uma exangue chuva sem nome.”

Relógio d’água; 196 p.


Título: A Sétima porta
Autor: Richard Zimler

De quem se fala: Richard Zimler nasceu em Nova Iorque em 1956. Licenciou-se em Religião Comparada pela Universidade de Duke e fez o Mestrado de Comunicação da Universidade de Stanford. Tendo trabalhado como jornalista durante oito anos na zona de São Francisco, mudou-se para o Porto em 1990.
Embora já tivesse escrito diversos contos e merecido em 1994 o prestigiado prémio Fellowship in Fiction da U.S. National Endowment for the Arts, O Último Cabalista de Lisboa (1996) é o seu primeiro romance. Faz parte do “Ciclo Sefardita” e foi traduzido em mais de dez idiomas, tendo sido best seller em dez países.
Para além de romancista, é também professor de Comunicação na Universidade do Porto e tradutor de autores de língua portuguesa, como Al Berto, António Botto, Ilse Losa, Nuno Júdice, Pedro Tamen, e Pepetela.

O que se diz: Em Berlim, na década de Trinta, o descendente de Berequias Zarco, Isaac Zarco, está determinado a descobri-lo. Está convencido que o pacto entre Hitler e Estaline – para além de outros «sinais» - anuncia que uma profecia apocalíptica feita pelo seu antepassado está prestes a concretizar-se. Acredita também que, se conseguir descodificar esses textos cabalísticos medievais, pode salvar o mundo.
Passado durante a subida ao poder de Hitler e a guerra que os nazis moveram contra os deficientes, A Sétima Porta junta Sophie Riedesel - uma jovem espirituosa, artística e sexualmente ousada – com um grupo clandestino de activistas judeus e antigos fenómenos de circo liderados por Isaac Zarco. Quando uma série de esterilizações forçadas, estranhos crimes e deportações para campos de concentração dizimam o grupo, Sophie, agora já adulta, tem de lutar com todo o seu engenho para salvar tudo o que ama na Alemanha – a qualquer preço.

Está dito: “A Tia Sophie é aquela figura esquelética de faces cavadas, vestida com uma camisa do hospital cheia de nódoas, que, com os seus olhos avermelhados semicerrados, me olha fixamente da sua cama de hospital, como se eu fosse uma alucinação.”

Oceanos; 655 p.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

“ Faz um oito, rapaz, faz um oito”

Perguntamo-nos, o que fazem juntos, nas sessões de Fevereiro do Grupo de Leitores de Carnaxide, “Ratinhos de chocolate”, “um pé a baloiçar, nu, fora do lençol”, uma simples “ ! ”, o “Hospital Miguel bombarda”, o número “078992630RH+”, e por fim, entre outros, um “Ajuste de contas” ?
São alguns dos títulos do Terceiro Livro de Crónicas, de António Lobo Antunes que escolhemos para as nossas sessões de Fevereiro.
São crónicas de “pequenas lembranças de repente importantíssimas” que nos revemos, nas casas ou no “silêncio da casa”, onde passámos a infância, o que provocou em nós essa vivência, o início da carreira profissional, a ausência de quem nos faz falta, o contacto com a guerra.
Nestas crónicas António Lobo Antunes agarra-nos do princípio ao fim, da mesma forma como escreve, “Há coisas que se pegam à gente, não nos largam, insistem, sem que compreendamos o motivo (…) eu a andar de bicicleta (…) e a voz, não sei de quem, que me ordenava
- Faz um oito, rapaz, faz um oito”
Tudo isto, acompanhado por entrevistas do autor, sempre desconcertantes, entre a sua hipersensibilidade e arrogância característica (valha-nos o youtube!).

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Canto de Colo

No Passado dia 12 de Janeiro deu-se início ao projecto da Biblioteca Municipal de Oeiras, O CANTO DE COLO. Este projecto, desenvolvido em parceria com o Instituto de Estudos Literatura Tradicional (IELT) é dirigido aos pais, mães e bebés e terá encontros mensais que contam com a participação de técnicos que irão abordar várias temáticas e práticas de interesse para o desenvolvimento dos bebés.
Na sessão inaugural o IELT destacou o papel das bibliotecas, junto das famílias, na recuperação de costumes e tradições tão importantes, quer para o equilibrio e desenvolvimento dos bebés como para a dinamização da Literatura Tradicional e Oral. O CRAMOL deu voz às canções de embalar, uma das actividades que vão ser mote neste projecto recuperando uma das mais antigas formas de expressão de afecto e ternura associada a música.


A 23 de Fevereiro, entre as 10H e as 12H30, realiza-se a primeira sessão de trabalho com as famílias e os bebés, contando com a presença da Psicóloga Claúdia Fonseca e a Terapeuta da Fala Sofia Maúl numa abordagem sobre as seguintes temáticas:
  • Conhecer o bebé e a criança pequena:competências, estados e desenvolvimento;
  • Práticas de consciência corporal,respiratória e vocalização;
  • Fornecer aos pais um espaço para aprender e treinar as interacções linguísticas a utilizar com os seus filhos;
  • Cantigas de Embalar e Lenga-lengas
Informações e inscrições no Espaço Infantil:
B.M. Oeiras - Tel.214406342 - E-mail: infantil.bmo@cm-oeiras.pt

Reconhecimento

Todos gostam, se bem que, para alguns, pareça mal verbalizá-lo. No entanto, como é agradável ouvir um elogio ao trabalho desenvolvido, tanto mais quando o sabemos fruto de sacrifício, entrega, amor e brio na execução. Nascido da coragem de empreender – quando a aposta é pioneira –, um projecto reconhecido é um orgulho para todas as mãos que o conceberam. Mas, porquê toda esta prosa?

Da obra Sociedade da Informação – O percurso Português, retira-se a seguinte citação, pela pena da Professora Dra. Joaquina Barrulas, em artigo intitulado “Das promessas do Livro Verde à realidade da biblioteca do conhecimento online”:

“Quanto às Bibliotecas Públicas, desde que em 1987 o programa RNBP (Rede Nacional de Bibliotecas Públicas) foi iniciado, tem-se assistido à progressiva renovação e/ou criação de novas bibliotecas (…) Pelas suas próprias características, o programa deixa à livre iniciativa das autarquias e das próprias bibliotecas o delinear das suas estratégias de desenvolvimento. Isto permite-nos encontrar exemplos de grande criatividade na utilização dos meios e ferramentas do universo digital…”

Esta última frase traz por companheira uma remissão para nota de rodapé, onde se lê: “Veja-se o Oeiras Internet Challenge em http://oeirasinternetchallenge.blogspot.com".
imagem aqui

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Ler +, Ler Melhor, na RTPN

A RTPN vai emitir a partir de segunda-feira, 18 de Fevereiro, “LER +, Ler Melhor”, um programa dedicado ao mundo dos livros. O programa tem como objectivo promover a leitura e divulgar todas as novidades da edição livreira nos mais diversos géneros e para todas as idades”. Seguindo um formato de cinco minutos, o programa é transmitido de segunda a sexta, duas vezes por dia, no horário 12:50 e 19:50. "LER+, Ler Melhor ouvirá a opinião de especialistas ligados ao livro e à literatura, desde os escritores aos editores, passando naturalmente pelos críticos".

"Ler +, Ler Melhor" é uma produção da Fibox.

Foto: Buecher waage (BuchBilder), 1997 - Quint Buchholz

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Porto Editora lança guia prático sobre Second Life

A Porto Editora vai lançar, a 28 de Fevereiro, pelas 21:30, um livro no Second Life (SL). A obra intitula-se Mundos Virtuais e vai ser apresentada na ilha da Universidade do Porto (UP), com a presença do autor, José Antunes. O evento não vai ter as características de um lançamento tradicional, em RL (Real Life, vida real); vai, isso sim, adaptar-se às especificidades de um mundo povoado por avatares que podem voar e onde a imaginação não tem limites. Mundos Virtuais integra a colecção Guias Práticos Informática e aborda, ao longo de 13 concisos capítulos, o fascinante universo do SL, cujo número de residentes, nos últimos meses, já atingiu os 12 milhões. Com este lançamento virtual, uma parceria com a UP, a Porto Editora torna-se na primeira editora a publicar uma obra recorrendo a uma das mais populares e promissoras ferramentas tecnológicas da actualidade, o SL.
Gaia Bosch é o nome do avatar (a personagem virtual) de José Antunes. O responsável pelo Gabinete de Comunicação e Imagem da Porto Editora, explica que há muito que a editora «acompanha atentamente o fenómeno do Second Life e só aguardava pela melhor oportunidade para entrar nesse fascinante mundo». Paulo Gonçalves acrescenta que «o estreitar de relacionamento com a Universidade do Porto, em particular com a Secção Autónoma de Jornalismo e Ciências da Comunicação da Faculdade de Letras», é outro dos aspectos que aceleraram a aproximação da Porto Editora aos chamados mundos virtuais. No que toca a iniciativas futuras, Paulo Gonçalves adianta que a Porto Editora tem «a expectativa de realizar novas iniciativas no Second Life que se enquadrem na estratégia editorial definida, quer na edição de livros, quer nos projectos relacionados com multimédia e novas tecnologias».
Mais informações em:

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

ÀS ESCURAS, O AMOR

Após passagem pelas Bibliotecas em Carnaxide e Algés, é a vez da Biblioteca Municipal de Oeiras receber esta peça em redor do amor como “salto no escuro”, no desconhecido, a porta que tememos e que não deixamos de abrir ainda que não saibamos o que nos espera...
HOJE - 15 de Fevereiro na Bib. Mun. de Oeiras - 21H30
O que é o Amor? Porque é que se sofre quando se ama? Porque é que gosto de me apaixonar? Será que “o outro” me quer? Bem me quer, mal me quer... Porque é que quando me apaixono perco a fome? Como é que eu lhe digo que me apaixonei? Se me apaixonar vai ser para sempre? Só me posso apaixonar por uma pessoa de cada vez? Gosto tanto daquele meu amigo. E isto, é amor?Tantas perguntas. E as respostas? Todas dirão o mesmo: é um salto no abismo, uma passagem para o desconhecido.
ÀS ESCURAS, O AMOR: um espectáculo para quem não tem medo do escuro.
Um espectáculo poético pela Andante Associação Artística

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Amor & C.ª

Autor: Julian Barnes

A eterna história de um triângulo amoroso em que ela é casada com ele, mas tem um caso com o outro, sendo que o outro é o melhor amigo d'ele. O grande interesse do livro resulta do facto das quase 3 únicas personagens do livro apresentarem as situações resultantes do triângulo à sua maneira e com as suas próprias justificações. Trata-se de um livro que mostra algumas das caraterísticas das relações modernas à luz das vicissitudes do amor.

Afonso L. Marques, 34 anos, Engenheiro Civil
entrada nº 0088

DIA DE SÃO VALENTIM


UM OUTRO AMOR...

OU O MESMO!

DEDIQUE ESTE DIA

A SI

E Á SUA GENTE

DO PEITO...

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

LEITURA - Deusa do Livro




Nobilíssima apresentação de livros: nos escaparates das novidades da Biblioteca de Oeiras… onde as letras, significações, imagens podem encontrar rumo - a segredar outras coisas do Ser e da sua essencialidade… poiso do especial do livro que quer ler, que vai ler, que sempre lê; e, sobretudo, do livro que encontra o leitor!



segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Homenagem aos 60 anos de Publicação de Obras de David Mourão Ferreira

A Galeria Verney, situada junto ao centro da Vila de Oeiras, acolherá no dia 26 de Fevereiro pelas 16 horas, o escritor, crítico-literário e intelectual Fernando Pinto do Amaral; assim como, João D'Ávila - encenador e interprete de teatro - para a celebração da homenagem mais-que-justa ao escritor amado de muitos - David Mourão Ferreira - que enrriquecera a escrita em diversas áreas, por terras de Portugal e da Europa.
Nas palavras de João D'Ávila sobre a peça do escritor a homenagiar - «O Irmão», que encenara e interpretara... «(...) Sobretudo acção jogada entre duas mulheres que se degladiam em jogos de palavras contaminadas de insinuação e sedução, onde a tragédia prepassa como uivo de vento incestuoso, que em espiral percorre a torre confortável, onde as vítimas são imoladas pelo fio da navalha das palavras.»

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Dia Europeu da Internet Segura nas BMO

No próximo dia 12 de Fevereiro celebra-se o Dia Europeu da Internet Segura. A nível Europeu desenvolvem-se actividades com o principal objectivo de disseminar informação sobre como devemos realizar uma navegação e pesquisa na Internet de uma forma positiva e esclarecida.
Desde já sugerimos a consulta do Portal Internet Segura, nomeadamente da secção de perigos e prevenção, informações sobre o projecto português de Internet Segura e o acesso a um conjunto de recursos e links sobre a temática. Interessante também a consulta do sítio da Seguranet, dedicado a escolas, alunos, professores e encarregados de educação, a Linha alerta e o sítio do Insafe, entidade que coordena os projectos nacionais sobre Internet Segura.
A Rede de Bibliotecas Municipais de Oeiras adere a esta iniciativa através da divulgação e dinamização de conteúdos sobre as modalidades de navegação com sentido seguro e crítico perante a informação. A reforçar esta vertente e em colaboração com a UMIC - Agência para a Sociedade do Conhecimento, realizamos sessões de formação nos Espaços Multimédia, em articulação com o Projecto Infoliteracia, designadamente as seguintes:
Internet Segura: Dar a conhecer aspectos genéricos a ter em conta para uma navegação segura na Internet, nomeadamente, as potencialidades da Internet, questões de segurança no computador, informação sobre os perigos e prevenção, sua relação com os blogues, os telemóveis, os vírus, as redes sociais virtuais, os chats e IMs, o Peer-to-Peer, o correio electrónico, o Cyberbullyng e o Phishing.
  • 12 de Fevereiro (3ª feira) (10h00/13h00) - B.M. Oeiras (Público alvo: Encarregados de Educação e Colaboradores internos da RBMO)
  • 12 de Fevereiro (3ªfeira) (17h00/20h00)- B.M. Oeiras (Público alvo: Público em geral)
Blog@Tardinha: Dar a conhecer as plataformas aplicadas na criação de Blogs, modalidades de edição e organização de conteúdos, alojamento e casos práticos. Apresentação genérica de diferentes blogs temáticos, desde informativos, a cronistas, científicos, humorísticos, entre outros. No Dia Europeu da Internet Segura é feita ainda uma alusão sobre o perigos que os blogs podem implicar.
  • 12 de Fevereiro (3ª feira) (16h00/19h00) - B.M. Algés (Público alvo: Público em geral)

Informações e inscrições nos Espaços Multimédia

B.M. Oeiras - Tel. 21 440 66 96 - E-mail: multimedia.bmo@cm-oeiras.pt
B.M. Algés - Tel. 21 411 89 76 - E-mail: multimedia.bma@cm-oeiras.pt
B.M. Carnaxide - Tel. 21 417 01 65 - E-mail: multimedia.bmc@cm-oeiras.pt

Info_Poesia_ Global

www.lyrikline.org
Universo (Inter)Nético de Poesia dita e falada pelos próprios Poetas do Globo, nomeadamente muitos de Renome Universal

A poesia surgiu na forma oral. O poeta Homero era considerado contador de mitos e de lendas, um rapsodo que percorria a Grécia entoando os seus versos. De lá para cá, a poesia ganhou os livros e, muitas vezes, foi entoada em saraus e reuniões de escritores. Lyrikline, iniciativa de dois alemães amantes de versos, coloca na rede alguns dos mais destacados poetas contemporâneos a recitar os seus próprios versos. Poetas como o alemão - Hans Magnus Enzensberger, o francês - Patrick Bouvet, o italiano - Alberto Nessi, o português - Gonçalo M. Tavares podem ser escutados e lidos nas suas línguas originais: até porque a poesia é mesmo intraduzível!.
[Adaptado da] Edição n.º 179, Revista SuperInteressante

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

MAIS 1 VIAGEM . . .

»»»Itinerários do pensamento e do sentir ditos pelo escritor Fernando Pinto do Amaral {em + continuação} na sessão do Café com Letras na Biblioteca de Carnaxide«««
»»(Influências na leitura e literatura...) Ora a minha mãe era mais intuitiva, lia Camilo, Pessoa (etc.); já o meu pai lia mais os clássicos, como Sebastião da Gama,...;
»»Ruy Belo muito me influenciou, pela atmosfera, clima, ... tudo, mais até na poesia longa -o poema torrencial de Ruy Belo! Ainda (J.L)Borges, (P.)Verlaine, (C.)Baudelaire que traduzi; (para não falar que sou a minha poesia é claramente) um produto da minha época, com 47 anos que tenho, e uma segunda língua que é o Francês, o Espanhol, as Românicas, e depois o Inglês - que é mais rico, integrativo, latino-germânica.
»»Em Borges aprecio muito a ginástica das palavras que (faz e) também o castelhano permite.
»»A revelação de um determinado aspecto para nós (e na nossa arte, ou escrita,) torna esse algo importante para nós!
»»Kavafis, Yates e W.Whitman bem me marcaram (igualmente).
****ainda por avistar horizonte de término !!

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Ainda o RAP na Biblioteca de Oeiras

Para quem, na última quarta-feira, não teve oportunidade de estar presente na Biblioteca Municipal de Oeiras para ouvir Ricardo Araújo Pereira, no "Café com Letras", aqui fica este pequeno resumo! Vejam o que perderam...

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Marca Oeiras a Ler

Oeiras envolve, Oeiras respira, Oeiras projecta e agora... Oeiras lê. Para entrar em 2008 da melhor forma, a Rede de Bibliotecas Municipais vai mudar a sua imagem e lançar a marca Oeiras a Ler.

Assinalando o lançamento da marca Oeiras a Ler, será adoptado um novo cartão de utilizador das BMO, o cartão Oeiras a Ler, uma imagem diferente mas os mesmos serviços e a mesma qualidade. Muito mais do que uma biblioteca tradicional, os nossos leitores poderão assim usufruir de espaços modernos e acolhedores, de uma vasta colecção (Livros, Jornais, CD-ROM, CD-Áudio, Vídeos e DVD’s), de empréstimos domiciliários, computadores com acesso à Internet e muitas, muitas mais actividades e serviços. O melhor? É tudo gratuito! Não acredita? Basta deslocar-se a uma das três Bibliotecas e ver com os seus próprios olhos. Acredite, não irá arrepender-se.

Não hesite, venha visitar-nos e peça já o seu cartão de leitor totalmente gratuito e usufrua de todas as vantagens que temos para si!

Gato Perfumado !

CAFÉ COM LETRAS @ RICARDO ARAÚJO PEREIRA

Mais 1 visão mais 1 caminhada...
O que foi é o que FOI!
Ainda:
O Gato Fedorento vestido* de Ricardo Araújo Pereira aqueceu & assaltou o espírito, a expectativa e as gargalhadas de uma imensa plateia ululante por sua distintíssima arte!!
«Quero ser escritor e jogador de futebol do Benfica» diz o disfarçado de cidadão comum mas requisitado até dizer basta! – em tempos de sua pequenez.
Conta inúmeras histórias recheadas de magia, humor – ‘é claro’, surpresa, e de deliciosas imagens – verdadeiras viagens pelas alegorias dos Clássicos da Literatura Portuguesa (Camilo, Eça, Pessoa, ‘sacana’ do Aquilino, …); pelo riso a contra gosto da sua Avó – a quem lera em pequeno contos do Eça e não só - foi um óptimo estímulo para a paixão pelo fazer humor e como respondia ás suas ‘piadas’ - “Ai filho não tens graça nenhuma!”.
Discorre também, em volta de um Soneto de Álvaro de Campos, apresentando umas suas várias leituras possíveis, que diga-se, foi dos momentos para mim mais tocante e absolutamente surpreendente!
Não esquece de exemplificar personalidades-alvo de sua actividade humorística – do tipo que ‘se melindram com as suas piadas, mas dizem que acham 1 graça enorme’ [como sejam Marcelo Rebelo de Sousa]. Faz graçola (punível?) á poesia dita por Cesariny e da autoria deste que, para além de proclamada é assobiada, quando visionada no último filme feito alusivo ao e do Poeta.
Sublinha o encanto pela escrita humorística e como truque deixa a amostra da ideia, de que tomar a visão de extraterrestre para o fazer é um bom método.
Ultimamente, tem apresentado livros, fê-lo por amizade e qualidade reconhecida quanto ao de Pedro Mexia; já em António Lobo Antunes respondera a um pedido – actividades muito aprazíveis para o cómico.
Nem o Primeiro-Ministro José Sócrates escapou a ser imitado!
E mais… tem a lata de dizer que, quando pensa no personagem saloio, pensa sempre em alguém da sua família. Valha-nos deus!
Etc, etc, etc.
Foram duas horas de intenso comicismo e acima de tudo de escuta e tomada de conhecimento de 1 mapa de vida de 1 gato perfumado de inteligência, abertura, rapidez de raciocínio, ritmo, simplicidade, vivacidade, cultura, ternura (como fala da família, parentes e de amigos seus): 1 Ricardo profundamente Humorento {& Sumarento}!!...
Desfecha – este universo vivêncial brilhante – com uma sessão de autógrafos intermináveis no livro «Boca do Inferno» de crónicas do gato pereira; à qual sucede umas quantas entrevistas que jornalistas [“essa raça maldita!] incontáveis (de resto, como fotógrafos - amadores, profissionais,… não faltavam) sempre insistem a (fazer) gente de tamanha unicidade.
Pelas 2 da manhã o caso dava-se por encerrado e o quotidiano das pessoas seguia "mais" risível e bem-humorado!…
Notas: * - disfarçado;
as expressões entre ’’
foram ditas por
Ricardo A. Pereira.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Literacia Hilariante

Sempre imaginei o Paraíso como uma espécie de biblioteca
Jorge Luís Borges
Seguíssemos à letra as palavras do autor e a Biblioteca Municipal de Oeiras seria o Céu com lotação esgotada, na quarta-feira passada. É que o Gato Fedorento mais mediático marcou a última edição do Café Com Letras.
Piada fácil – sempre na ponta da língua –, uma cultura literária extraordinária (citou a Bíblia, recitou Álvaro de Campos, falou de Sophia de Mello Breyner, Luís Sepúlveda, Mário de Carvalho e Sá de Miranda), e uma postura nervosa inicial – prova da sua humildade e fácil trato –, Ricardo Araújo Pereira deliciou quem o ouviu, à conversa com Carlos Vaz Marques.

Quem é Ricardo Araújo Pereira? Alguém que começou por ler “o que havia em casa da avó”: uns livros do tio, do tempo do PREC, com títulos do género “O que é uma cooperativa” e “O julgamento do Padre Max”, uma versão – em francês –, do "Principezinho" e um livro de contos do Eça – do qual lia, à avó, “A aia”. A mãe tentou “impingir-lhe” Júlio Dinis, mas foi pelo "Romance da Raposa" que RAP se apaixonou. Relembrou ainda “As aventuras de João Sem Medo”, de José Gomes Ferreira, obra fantástica e de subtil ironia aos tempos anteriores ao 25 de Abril.

O actor, guionista, escritor (“fiscalmente”, segundo o próprio, ainda é guionista), apaixonou-se pelas letras por uma única razão: segundo RAP, “a precariedade das palavras, aliada ao facto de nos entendermos com elas, é um milagre”. Relatou a sua experiência como jornalista, nomeadamente a sua tendência a esquecer-se do nome dos entrevistados, levando-o a inventá-los quando chegava à redacção. Falou de futebol – perdão, do Benfica –, brincou com os fotógrafos, reconheceu um antigo professor por entre a multidão, dando a sensação de que, ao contrário do comum dos mortais, RAP tem o dobro da capacidade sensorial e de memorização, tudo enquanto entabulava conversa intercalando referências literárias e episódios hilariantes. Impressionante!

Deixou sugestões de leitura para os muitos adolescentes que se encontravam na sala: “A relíquia”, do Eça e “A queda de um anjo”, de Camilo Castelo Branco (tendo aqui sido contestado por algumas pessoas do público, ainda que, para RAP, os enredos dessas obras sejam hilariantes); “Três homens e um bote”, de Jerome K. Jerome; “Contos do gin tonic" e “Novos contos do gin tonic”, de Mário Henrique Leiria; as obras de Miguel Esteves Cardoso; “Boca do Inferno”, do próprio; e “Planeta do Futebol”, de Luís de Freitas Lobo. Exceptuando o último, todos os outros estão disponíveis nas BMO (ver catálogo).

Uma noite bem passada, com muitos adolescentes (e demais faixas etárias) a terem, com certeza, uma excelente experiência de cultura, literacia e humor, nas Bibliotecas Municipais de Oeiras.