Livros Proibidos - Ciclo de Conversas. "O Nome da Rosa", de Umberto Eco. Com Ricardo Araújo Pereira
É já no próximo dia 24 de Maio, quarta, às 21H30, que terá lugar a 4ª sessão do projeto Livros Proibidos, este ano dedicado ao tema "Corpo e Identidades". O Nome da Rosa, publicado em 1980, é o primeiro e
mais célebre romance de Umberto Eco e reúne todos os temas que faziam e
continuaram a fazer parte do universo de interesses e investigação do nosso
autor como semiótica, religião, linguagem, história medieval, Europa, entre
outros. Em forma de romance policial, o enredo situa-se em 1327, século XIV, na
Itália, numa abadia isolada do mundo e tendo com protagonista um monge
beneditino e o seu ajudante. O mistério vai se desenrolando em torno de uma
série de mortes inexplicáveis que, afinal, estão relacionadas com a leitura de
um livro proibido. Um enredo que retrata uma determinada conceção do mundo e do
saber, em que as bibliotecas, como reservatórios do saber e lugares da
preservação da memória, têm um papel preponderante.
Durante
a Idade Média as Bibliotecas eram lugar escondidos, labirínticos, vedados ao
olhar do cidadão comum, normalmente ligadas às instituições religiosas como
Abadias ou Mosteiros. Os livros que neles existiam estavam apenas acessíveis ao
olhar do religioso, do bibliotecário e do seu auxiliar. A Biblioteca descrita
no romance O nome da rosa, de Umberto
Eco apresenta-se-nos como símbolo de uma Igreja conservadora, mestra
desconfiada e receosa que obstrui o conhecimento de determinadas doutrinas e
que pretende impedir qualquer progresso intelectual e material, com o objetivo
de manter o seu domínio sobre o mundo. A mente que rege a biblioteca-labirinto
da Abadia transforma-a “num lugar onde os segredos permanecem encobertos” e não
um meio para revelar os segredos da natureza e da História tendo em vista o
bem-estar material ou natural da humanidade. O livro proibido deste enredo
relatado por Eco é a Poética de
Aristóteles, mais concretamente, o segundo livro dedicado à comédia e ao riso. A
razão pela qual esta obra é selecionada não tão
por ser alvo de censura, mas porque apresenta uma caracterização de corpo e de
saber própria da Idade Média: o corpo e saber contido, proibido, mortificado e
paradoxal sob o domínio da instituição religiosa. Ideia de culpa, de perversão,
necessitando ser dominado e purificado através da punição. A interdição do riso
porque “Deus não ri”.
Com
Ricardo Araújo Pereira humorista e escritor, que tem dedicado tempo e
reflexão à questão do riso, como uma das caracteristicas mais importantes da
subjetividade humana. A moderação é de Nicolau Santos.
Informações
214406330 ou ana.jardim@cm-oeiras.pt
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