sexta-feira, 23 de junho de 2006

Viagens por Entre Linhas

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Caminhamos um caminho de palavras…[1]



Dando continuidade ao propósito de fomentar uma relação de parceria entre as bibliotecas, os jardins-de-infância, as escolas e as famílias, a Câmara Municipal de Oeiras, através das suas Bibliotecas Municipais, iniciou em Outubro o projecto Viagens por Entre Linhas.

Integrado no programa municipal de Promoção da Leitura Oeiras a Ler, no qual a promoção da leitura é claramente assumida como uma prioridade estratégica no cumprimento da missão das bibliotecas públicas, este é um projecto direccionado para a infância e, por isso mesmo, determinado pelo objectivo de ajudar à formação de crianças leitoras.

A reflexão em torno da questão da promoção da leitura e a avaliação das estratégias que têm vindo a ser adoptadas apontam, cada vez mais, para a necessidade de um envolvimento concertado dos vários agentes com responsabilidades no processo de formação de leitores – os educadores e professores, os técnicos de Biblioteca e Documentação e a família.

Cientes do desafio e da responsabilidade de um projecto com o propósito de contribuir para a formação de crianças, as técnicas implicadas na animação da leitura[2] têm procurado desenvolver um corpus teórico-prático que sustente e garanta a qualidade da oferta das bibliotecas nesta área, quer através da formação específica, como é o caso do “Círculo de Estudos – Ler para Crescer”, quer através de um trabalho regular e continuado, reflexivo e crítico no que respeita à selecção dos livros e leituras, aos objectivos e à dinâmica de cada actividade.

Em Outubro se iniciou uma viagem feita de muitas pequenas viagens… Viajámos pelos contos tradicionais, pela poesia, pelas lenga-lengas, pelos trava línguas, pelos contos de autor, pelos álbuns de imagens… E nesse percurso inventámos jogos para escolher e partilhar histórias, reconstituímos as narrativas, através das personagens e das acções, rimos e comovemo-nos com a poesia e fomos descobrindo, redescobrindo e aprendendo que a leitura inaugura sempre um mundo novo e que, por isso mesmo, sempre que lemos crescemos…

Assim, duas vezes por semana – às vezes três –, as bibliotecas têm vindo a oferecer aos jardins-de-infância e às escolas do 1º Ciclo de Ensino Básico do Concelho de Oeiras, actividades dinamizadas pelas técnicas em torno do livro e da leitura dinamizadas pelas técnicas ligadas ao Sector Infantil e Juvenil.

Aos sábados, as actividades são destinadas às famílias. Por cá têm passado muitos pais com os filhos, muitos avós com os netos e muitos amigos.

De Outubro a Junho, passaram pela Biblioteca Municipal de Algés 50 grupos de crianças do pré-escolar e do 1º Ciclo do Ensino Básico e pela Biblioteca Municipal de Carnaxide 25 grupos, o que perfaz um total de cerca de 2000 crianças.

De entre as muitas escolas e Jardins-de-Infância que participaram connosco nestas Viagens, não queremos deixar de sublinhar a vinda de dois grupos de crianças surdas do Instituto Jacob Rodrigues Pereira, o qual manifestou a intenção de participar nas actividades de promoção da leitura levadas a cabo pela Biblioteca Municipal de Algés. Dada a especificidade deste grupo de crianças, as técnicas conceberam uma actividade em colaboração com os professores e um intérprete da Língua Gestual Portuguesa. Foi uma experiência muito positiva e a prova de que a inclusão social de pessoas portadoras de deficiência passa, também, por estes pequenos grandes passos.


São viagens de ida e volta estas que se fazem com os livros e as leituras. Quem vem, regressa e traz um amigo.
Caminhamos um caminho de palavras…
E nesse caminho, aprendemos todos os dias que "há palavras que fazem bater mais depressa o coração – todas as palavras – umas mais do que outras, qualquer mais do que todas. Conforme os lugares e as posições das palavras. Segundo o lado de onde se ouvem – do lado do Sol ou do lado onde não dá o Sol."[3]

As viagens são feitas de muitas rotas, de muitos caminhos possíveis, de muitas surpresas e alguns imprevistos.
São o lugar e o tempo para fazer nascer olhos de gigante e coração de pássaro.
Isso as torna tão fascinantes.
Como a leitura.

[1] António Ramos Rosa
[2] Não podemos deixar de referir o nome das técnicas de biblioteca e documentação que, todos os dias, trabalham com em prol destes objectivos, em parceria com outras técnicas, com as escolas e com as famílias. São elas: Ana Isabel Santos, Vera Nunes (BMA), Isabel Machado, Maria Paula Cruz (BMC), com a colaboração de Anabela Alves e Clara Ferreira (BMA) e Sofia Raminhos (BMC).
[3] Almada Negreiros

quinta-feira, 22 de junho de 2006

José Saramago, a voz do desassossego

No passado dia 31 de Maio realizou-se mais uma sessão do projecto Café com Letras. A Biblioteca Municipal de Oeiras recebeu, na sua Sala de Leitura, o escritor José Saramago.
Como seria de esperar e perante uma assistência numerosa, a conversa fluiu de forma familiar, calorosa e participativa… Como se de um regresso a casa se tratasse… A casa onde habitam os livros!
Por isso mesmo o escritor não se coibiu, como sempre, de proferir afirmações contundentes e assertivas. Na sua opinião “o estímulo à leitura afirma-se, assim, como um voluntarismo inútil, já que ler sempre foi e será coisa de uma minoria”. O mesmo se poderá dizer em relação ao Plano Nacional de Leitura.
Contudo, as suas palavras que, como já é habitual, acordam em nós uma espécie de consciência cívica universal, relembraram a importância da língua e, por isso, da leitura e dos livros como instrumento do saber e do conhecimento e a sua função na construção da memória colectiva.
Para tal é necessário repensar o significado de conceitos como “instrução” e “educação” e, naturalmente, reflectir de forma mais profunda e rigorosa, o papel dos diversos mediadores do saber e da leitura, nomeadamente, aquele que cabe às escolas e aos professores num país onde tais instituições não são dignificadas.
É certo que o mundo está cheio de ruído… Um ruído ensurdecedor que, frequentemente, aniquila o verdadeiro sentido das palavras e que, irremediavelmente, nos distrai.
Mas o objectivo do nosso trabalho é recuperar a verdadeira voz dos livros e dos autores… Dar a conhecer, afinal, o grande legado da humanidade. Procuramos, por isso, reiterar apenas o que o próprio José Saramago escreveu numa das suas crónicas no Diário de Lisboa sobre Livros, Leitores e Leituras:
“O mal pior que pode acontecer a uma Biblioteca é transformar-se num depósito de livros. Sem uma actividade paralela estimulante, o indispensável sossego das salas de leitura cobre uma dormência rotineira que encontra o seu prémio precisamente na ausência de sobressaltos e dinamismo.”[1]


[1] SARAMAGO, José. Os Apontamentos. 2ª ed. Lisboa: Editorial Caminho, 1990. p. 78

quinta-feira, 15 de junho de 2006

Bem-Vindos !

O blogue Oeiras a Ler pretende ser uma forma de divulgar e promover os recursos e serviços oferecidos pelas Bibliotecas Municiais de Oeiras. Esta plataforma pretende constituir-se como um meio de partilha de experiências e de comunicação de notícias, na qual, por meio da actualização fácil e rápida, se realiza a fusão entre aquilo que acontece no espaço físico da biblioteca e o que sucede na Web.

Esperamos pelas suas sugestões e comentários!